COMO
AS PESSOAS DÃO IMPORTÂNCIAS AS COISAS | ||
Osvaldo
Luiz Pastorelli | ||
- Até que enfim, sexta-feira! Creio que o mal das pessoas é esse viver ansioso por alguma coisa. Porque não aceitam as coisas normalmente. - E ai, cara, você vai lá hoje? - Não sei. - Vamos, sexta-feira, cerveja, mulher... - Quem vai? Aquela menina vai? - Vai. - Então pode contar comigo. É. Vive-se para que chegue logo a sexta-feira... - Fulana, os meninos estão convidando para irmos jogar dardo. - Você, vai? - Vou, você não? - Ele... - Vai, ele vai. - Vou então, apesar de que da outra vez ficamos apenas na conversa fiada. Não houve nem um beijinho. Será que ele é gay? - O velhote vai também? - Ah! É só não dar importância à ele. - Espero que ele não beba muito. É, sexta-feira, o dia abençoado. O marido chega em casa, pensando, tirar o paletó e a gravata e despencar na poltrona e assistir tv. - Querido, o Zezinho bateu de novo o carro. - De novo! Vou tirar a carteira dele... - A Mariazinha quer ir ao acampamento com os amigos. - Não vai, não pode. - Porque pai? - Porque não quero. - Querido, a pia ta entupida. - De novo? - Mas pai, já tenho 22 anos, sou maior, posso fazer o que eu quero. - Pode, mas não vai. Depois aparece aí grávida, só problemas depois. - O Joãozinho vai para qualquer lugar e o senhor não dá bronca nele. - Ele é homem. - Querido, o chuveiro não esquenta. - Oh! Mulher o que você anda fazendo o dia todo que não chamou alguém para consertar - É, mas o Joãozinho só tem 17 anos. - Querido, olhe a conta do telefone atrasada... É sexta-feira... | ||