Em um belo dia estava pensando como podemos ter dentro de nós traços de personalidades diferentes, ou como talvez somos muitos, em vez de um só, daí imaginei o que aconteceria se pensando nisso adormecesse, que sonho eu teria? Deveria ser mais ou menos assim:

Aqueles dois estavam discutindo novamente, cada um queria ser o verdadeiro, o dono das ações, o único, o outro seria apenas uma criação, será mesmo? Como se ouvisse isso, Ken Scofield respondia:

- Criação é o caramba, eu tenho vida própria, afinal os melhores textos dele são assinados por mim, pode procurar. Você só vai achar meu nome, né não?

Rindo do que achava ridículo, Frank Santos dizia:

- Ué projeto de gente, eu querendo tu some do mapa e ponho tudo que é texto com meu nome mesmo. Experimenta me arretar pra ver, vai. Sendo o texto com o nome que for, sempre sou eu que escrevo, ta bom desse sonhozinho ridículo acabar, já tive melhores e mais construtivos. Era só o que me faltava, eu discutir com uma parte de mim mesmo. No fim de tudo estando o texto ruim ou bom, quem sempre escreve sou eu e tá acabado, vamo acordar e acabar logo com isso!

Eis que uma terceira pessoa inesperada aparecia:

- Ei, acabar coisa nenhuma, é você que escreve? uma ova!

Frank Santos e Ken Scofield entreolharam-se sem entender nada e perguntaram em coro:

- E quem é você?

O desconhecido respondeu prontamente:

- Eu sou o sentimento, muitos escritores não são nada sem mim, só conseguem escrever algo bom quando eu apareço, quando eu tento me libertar. Agora, digam vocês se nos melhores textos de vocês, assinados por um ou pelo outro, eu não estava presente, tava ou não tava?

- Aqueles dois pareciam concordar e começavam a rezar pra que aquele sonho acabasse, pois estavam convencidos que toda discussão entre os dois não havia passado de uma grande e inútil conversa fiada.