CONVERSA
FIADA | ||
Gildo
Staquicini Jr | ||
Disse ao amigo que seus poemas eram bons, mas que seriam melhores se feitos sem
parecer os de seu pai. Conversa
fiada! - gritou. Baboseira psicanalítica! - esbravejou. Ficou
anos sem falar comigo. Anos
depois me mostrou uns poemas que não pareciam - nem um pouco - os de seu
pai. Confesso
que tive um sentimento que chamei de orgulho - mas que talvez fosse outra coisa
que até hoje - e talvez por todo o futuro - não sei bem o que. Disse-me
que eu era seu verdadeiro pai. Num
rompante disse-lhe que se eu era pai era pai final e que não devia jogar
fora o seu inicial e que este nunca lhe dissera o que eu disse simples porque
os pais nunca conseguem fazer isso. Por
isso são pais. Talvez
eu pudesse vestir-me de vaidade e dizer que o rompante fora de ciência e
consciência. A vaidade, na maior parte das vezes, tem um gosto bom... desde
que a natureza nos forneça a beleza, a riqueza, o talento, a saúde
e a sorte para tanto... De minha parte, não é sabedoria, é só experiência: também tive um pai que para a natureza voltou antes de dizer as coisas que eu precisava e não só as coisas que eu queria ouvir. | ||