DE
CONVERSA FIADA | ||
Adão
Jorge dos Santos | ||
Conta o dinheiro uma vez. Reconta. Conta mais duas vezes. Não satisfeito com a contagem anterior, novamente começa a contar cédula por cédula, vai colocando uma em cima da outra ate confirmar que não tem o suficiente para pagar as contas. Quer chorar mas lembra que seu pai dizia que homem que era homem não chorava, portanto apenas fecha os olhos e tenta pensar em alguma coisa para sair daquela enrascada. Pensou em pedir dinheiro emprestado, mas a quem? Já devia para todas as pessoas que conhecia e ate aos agiotas. Quis vender algum eletrodoméstico da casa, mas os poucos que haviam não valiam muita coisa ou eram úteis, tais como a televisão a geladeira e o fogão. Os outros aparelhos foram passados no cobres gradativamente mês a mês. A mulher vivia reclamando da vida de merda que levavam, dizia que a culpa era dele por não se esforçar em querer progredir na vida. E antes que ela começasse a reclamar, tratou logo de sair para a rua dizendo que queria espairecer. Saiu com direção indefinida tropeçando nas próprias tristezas, na primeira esquina entrou no bar e pediu uma cerveja bem gelada. Aos poucos foram chegando seus amigos e a conversa foi ficando animada. Falava-se de quase tudo, mas as conversas predominantes eram sobre futebol e mulheres. Chegou
de madrugada em casa e a patroa estava lhe esperando com cara de poucos amigos.
Ela olhou a cena deplorável e disse: | ||