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MINI-CONTOS
DE 2007 continhos de natal
dos anjos de prata |
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ESSE
GATO AINDA NÃO MORREU? Zeca
São Bernardo Digam
o que quiserem, afinal a boca foi feita mais para falar do que para comer! Mas
que não entendo como esse gato preto chamado Veludo ainda está vivo,
isso não entendo.Todo Natal nos encontramos na chácara de meu pai,
a família toda reunida e o gato lendário ali sentado na almofada
vermelha. A querer contar nos histórias que não conseguimos ouvir...parece
até sorrir. Acho
mesmo que despencou do saco do Papai Noel na minha infância numa noite destas
tidas mágicas e se criou por aqui. Assustadoramente mágico, assustadoramente
real! Tão real como um sonho ou uma lembrança. |
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UM
CORAÇÃO SÁBIO Ken Scofield Ele
pensava inquietamente: -Meu Deus, que devo pedir? Saúde? Um trabalho
melhor? Não sei o que priorizar. -Encerrou aquela prece e chegou em
casa. Encontrou sua mulher que mesmo cansada o indagou sobre sua cara aflita:
-Querido, que houve? Algo te incomoda? Seu marido respondeu com outra
pergunta: -Amor, o que pedirias neste natal? -Seria muito fácil
querido, só pediria que continuássemos nos amando, só isso
me basta! Seu marido então pensou consigo: -Obrigado meu Deus,
não ouso pedir-te mais nada. |
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EPIFANIA
Vilson palaro Júnior
Gil
tinha cinco anos e morava com a mãe. Passava as manhãs na creche
e as tardes catando trocados nos semáforos. Damião, seu vizinho,
a tudo assistia... Na véspera do Natal, Gil adormeceu com lembranças
de milagres de um Menino-Deus, contados na creche. Talvez sonhasse com um deles
quando foi acordado pelos gritos da mãe, que expulsava o amante do barraco.
Triste, voltou a dormir e ao amanhecer, alguém bateu à porta. Era
Damião. Trazia um pequeno caminhão de madeira. -
Feliz Natal, Gil. Pela
porta aberta, a visão da luz do sol tremeu entre as lágrimas de
Gil. Havia esperança. |
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A
VIÚVA Edison Veiga Viúva
há dois meses, a mulher de Caieiras procura em blogs receitas para guardar
luto no Natal. Traída pelo Google, foi a visitante de número 8 910
de meu www.cronopolitano.blogspot.com, em 3 de agosto de 2007, às 2h20min59s.
Seu falecido marido, um Papai Noel bonachão de 180 quilos, barba espessa
fedida, diabetes, nunca acreditou que houvesse vida depois do Ano-Novo. Agora,
apodrece tranqüilo, esquecido sob o túmulo 203 de um cemitério
comum. |
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NATAL
Afonso José de Santana Nasce
no céu uma estrela-guia para levar os três reis magos ao seu destino.
Ali
naquele lugar humilde nasce um menino simples, pais modestos, puros de coração...
Tantos
lugares mais confortáveis como berços folheados a ouro entre tantas
outras coisas... Ali,
naquele lugar mais simples que poderia haver... Lentamente
vai aparecendo ao Mundo Aquele que um dia o Salvará!!! |
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PRESENTE
DE NATAL Suzana Garcia Acordou
mais gordo, bocejou passando as mãos no rosto e sentiu que sua barba crescera.
Olhou-se no espelho não acreditando no que via, seus cabelos e barbas brancos.
Correu até seu guarda roupa e lá estava ela, calças vermelhas,
casaco vermelho, botas e cinto preto. Só falta ter renas na garagem!Desceu
as escadas, abriu a porta e lá estavam renas, trenó e presentes.
Esfregou os olhos e ouviu uma gargalhada. De trás do trenó um velhinho
com ar de muito cansado lhe diz:- Pois bem Edgar, seu sonho esta realizado. A
partir de hoje toma o meu lugar. |
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TUDO
PERFEITO Cheila Fernanda Rodrigues E
assim estava a noite de Natal: árvore brilhantemente enfeitada, o boneco
Noel tocando sax, presépio, presentes... Frutas frescas, frutas secas,
o peru, em toda sua majestade, junto às iguarias inigualáveis sobre
a impecável toalha bordada - a famosa da Ilha da Madeira... As pessoas
estavam vestidas a rigor. Tudo muito fino, tudo feito com primor. Tudo perfeito!
E a luz de Jesus? Estava naqueles olhos e corações no Natal? E nos
outros dias do ano? Antes de escorregar pela lareira, Papai Noel pôde perceber
que a luz brilhava apenas nos magníficos lustres: _ Que tarefa a minha!!! |
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NATAL
ILUMINADO Maria Luísa Rocha Mamãe
morreu aos setenta anos. 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. Meses
depois, o primeiro Natal sem ela. Desolada, fui à ceia na casa do tio Geraldo
e à meia-noite regressei sozinha e logo adormeci profundamente. Às
três horas da madrugada, mamãe apareceu: disse que veio me dar um
abraço de Natal. - Onde você está, mãe? perguntei,
transtornada de emoção e medo. - Estou com Jesus e com o índio.
E se despediu, cheia de paz e de luz. No dia seguinte, soube, pelo tio Jésus,
que mamãe era devota de Nossa Senhora de Guadalupe. Imediatamente compreendi
que, em sua nova morada, ela vivia com o índio Juan. Compreendi muita coisa
mais. E aprendi a me ajoelhar e a rezar para Maria de Guadalupe, a quem também
espero um dia conhecer. |
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CESTA
RPOMOCIONAL Cris Dakinis Fim
de tarde, sacolas ao braço, já cansada, avistou uma vitrine que
exibia chamativas cestas de Natal. Ficou maravilhada! Uma delas, com seu chá
favorito, era a "Cesta Esotérica". Conforme a quantidade ou qualidade
dos artigos variava o preço. Por último, notou uma cesta enorme:
era a "Cesta Promocional". A vendedora explicou que a cesta continha
votos de Paz, Saúde, Carinho, Sucesso, e tudo de melhor que se pudesse
desejar ao próximo. __ E quanto custa essa cesta MARAVILHOSA? __ Nada.
Respondeu a vendedora. Como eu disse, essa cesta é dedicada ao Próximo...
acho que por isso, ninguém a levou. |
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POUCO
NOEL João Gilberto Engelmann Até
a S.ra Ernest percebeu. Tudo frouxo, caindo. O vermelho outrora vívido
e no lugar, agora fusco e deslocado. A linha daquele imenso equador, cinto, fora
forjada para abrigar mais uma casa para o pino da fivela. Parecia que a neve lá
fora também já não tinha mais sentido. Meias? Quem as deixaria
para "aquilo"! Tão menor, tão pouco. Pareceria covardia
caso enchêssemos o saco de presentes. Tudo
estava perdido. O Natal dos Ruftters estava comprometido. Assim não poderia
ficar! Não! Um
desastre! Papai Noel havia emagrecido... |
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ANJOS
NO TELHADO Luisa Ataíde Havia
um país muito grande habitado por 503 anjos que resolveram marcar um encontro.
O Anjo Mor Beto avisou: Nada de trombetas e roupas brancas, no máximo cada
um levaria um Lap Top. Ah, é que os anjos escreviam excelentes estórias.
A ordem era subir cada um no seu telhado a um quarto da meia noite, antes do velho
Noel. Havia os anjos pesadinhos, os que moravam em prédios, os não
tinham idade prá isso. O certo é que os anjos subiram nos telhados
e receberam das estrelas chuvas de inspirações para o ano seguinte. |
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UMA
CANÇÃO DE NATAL Mão Branca Eu
passeava pelo shopping caçando promoções para presentes.
Ouvi uma voz infantil entoando uma canção em ritmo natalino. - é
natal, é natal, pega no meu pau... - ô moleque, que música
é essa? Ele me olhou e completou. - tudo bem, tudo bem, pega no teu também...
Tive que rir. E ele continuou. - hoje a noite é fera, vou com a galera,
feliz me masturbar... Vi que o jovem pentelho queria apenas provocar. Forcei as
engrenagens cerebrais e cantei: - Ao pegar no pinto, pinto pequenino, vem ao dedo
mínimo se comparar... Foi a vez dele rir. - Você é poeta?
- Perguntou. - Não. - Suspirei. - Sou punheteiro mesmo... |
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MANJEDOURA
Luís Valise O
bebê é loirinho, cheirosinho, um encanto. Não é por
ser meu filho, mas nunca vi criança mais bonita. Papai Noel foi bom pra
mim. Acho que o pai é um caminhoneiro do sul, loiro e grandão, que
me tratou super-bem e pagou o combinado. Disse que passaria na volta, mas... Quem
sabe, um dia? Deitadinho, olhos fechados, cabecinha descansando sobre o travesseirinho
limpinho, me lembra um Jesuszinho na manjedoura. Não consigo segurar duas
lágrimas, que caem sobre sua mãozinha rechonchuda. E nem dá
tempo de enxugar, porque dois coveiros chegam, fecham o caixãozinho e o
levam para a cova. |
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MINI-CONTO
DE NATAL Ronaldo Torres Viera
da roça, fugindo da seca e da precisão. Chegara na véspera
do Natal e no dia seguinte crianças brincavam na rua, exibindo seus presentes:
bolas de futebol, carros, bonecas, bicicletas. Ele observava todo o movimento
de sua janela. Um garoto o viu e se aproximou: - Oi! Sou Mário. Pegue seu
presente e venha brincar conosco! Ele desviou o olhar para o chão. Envergonhado,
procurou a mãe. - Mãe, quem é papai-noel que deu brinquedo
a todos os meninos da rua e a mim não? A mãe não soube responder.
De onde vieram, papai-noel se chamava cesta básica e carro-pipa. |
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OH!
OH! SNIF! Adriana Vieira Bastos Quando
criança, Jonas colocava o seu sapatinho na janela e, com uma ansiedade
infantil, mal conseguia dormir, desejando que o dia amanhecesse logo para ver
se Papai Noel tinha deixado o presente que tanto queria... Hoje, o sapatinho de
Jonas mudou de tamanho. A janela não pode mais ser aberta. Sua ansiedade
aumentou. Só que deixou de ser prazerosa para ser compatível com
a vida que anda levando. Triste, sente que o seu atual pedido de natal vai ser
difícil de ser atendido: " - Paz na terra e aos homens de boa vontade"...
Papai Noel, que não é bobo, saiu de circulação. Os
homens andam sem vontade nenhuma de viver em paz. E o planeta, pelo visto ... |
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NATAL
Silas C. Leite Não
tínhamos Pinheirinho nem peru ou Cesta de Natal. Tampouco tínhamos
brinquedos ou estrelas de luz. Mas tínhamos o Pai com seus hinos, suas
bandas e corais. E assim o Pai era o nosso presépio e a Música
era o nosso Menino Jesus. Tivemos que saber lidar com isso e acabamos finalmente
Filhos da Música. De alguma maneira vencemos a cifra de nossa dor. Choramos
e sofremos e nos lavamos de algum modo. De alguma maneira também ganhamos
ou perdemos a nossa própria coroa de espinhos, que cada um ao seu jeito
fez por merecer. Não tínhamos necessariamente um dezembro colorido
ou de presentes. Mas até hoje guardamos conosco a Musica em memória
do Pai como o nosso próprio Jesus, o nosso próprio Natal. |
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CONTO
DE NATAL Roberto Márcio Pimenta Natal
! Comiam todos o pão no leite, silenciosos e tristes, quando o menino disse
ao pai desempregado: - Amanhã, vou ganhar um grande presente! A mãe
ouviu-o e engoliu golfadas de ar. O pai olhou-o e deixou cair uma lágrima.
No outro dia o menino foi à igreja, entrou na fila e aguardou o presente
que iriam doar. Deram-lhe um boneco aleijado - faltava uma das pernas. Foi até
ao presépio agradecer pelo amigo que ganhara e percebeu que na manjedoura
faltava o Menino Jesus. Havia somente uma perna. Então ele colocou-a no
boneco e agradeceu o pelo amigo. |
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FLOR
NATALINA Flavio Luengo Gimenez A
menina olhava o chão, admirada da flor que nascera em meio ao pó,
no buraco onde vivia com mais doze, embaixo do viaduto, escuro, opressivo e cheio
de ratos e comida espalhada. Muitos dormiam, outros vegetavam, mais ao longe outros
ruminavam a sorte perdida. Apontou à mãe o milagre, que olhou de
lado e se virou para ela: --Faça
tino não, criatura! É que hoje é Natal. |
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DE
ANJOS E GÉRBERAS Lia Abreu Falcão Noite
densa. Pela cidade, deslumbro-me com casarios antigos. Num café, uma flor
alaranjada cai junto a mim. Guardo-a, encantada. No fim do percurso, uma menininha
perambulava sem rumo: perdera-se dos outros num dia fraco para esmolas. Morava
com pais de aluguel, mendigando o pão: feito a gérbera era linda
e plena, mas de ninguém. Quantas mais assim? Acolher os pequeninos é
o mesmo que acolher Anjos, por que não o fazemos mais? Ouso desejar um
Feliz Natal a todas as crianças alugadas desse mundo e peço, por
caridade, que elas nos ensinem a enxergar mais Anjos, mais gérberas! |
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O
BRINQUEDO Eloi Xavier Ariovaldo
quando pequeno, pediu para o Papai Noel um brinquedo que nunca chegou a ganhar.
Decepcionado, nunca mais quis saber do bom velhinho bonachão. Já
na idade adulta, ele e cinco amigos, resolveram criar um ritual: todos os anos,
se reuniam na praça central, para celebrar o natal. Ao meio-dia do dia
vinte e cinco de dezembro, lá estavam eles brindando e desejando uns aos
outros a paz de novos tempos. Mas com o passar dos anos, esse ritual deixou de
ser cumprido em sua totalidade. O tempo foi levando um a um, até sobrar
apenas um: Ariovaldo. Hoje,
Ariovaldo sentado só, no banco da praça, ocorre um pensamento que
o intriga: Será que o brinquedo que ele pediu, e que nunca ganhou, estaria
ganhando agora. Seu brinquedo favorito se chamava "Resta Um". |
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PAPAI
NOEL É O CARA! Sharon Ratis Papai
Noel existe, é brasileiro, nordestino e sua casa mesmo fica em São
Bernardo. Em suas andanças por esse mundão de meu Deus, nunca esteve
no Polo Norte. Ele usa barba, mas ainda não ficou toda branca. Sua cor
é o vermelho, mas não a usa em roupas. Só de vez em quando.
Ele distribui presentes, só que não são brinquedos.
Também não é preciso ser bonzinho o ano todo. Seus presentes
são produtos de primeira necessidade: leite, arroz, feijão, dignidade,
educação. Ele passa nas casas mais pobres. Na noite de
Natal e durante o ano inteiro. Será assim enquanto brilhar a sua estrela. |
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VERDADEIRO
Luiza Aparecida Mendo Ele
saiu do shopping depois da meia noite, cansado dos sorrisos e das fotografias.
A barba postiça incomodava, a bota torturava o calo e o caminho era longo
e solitário. O seu natal passava sem jantar especial e sem presente. Na
esquina escura o menino levantou-se do papelão e seus olhos encheram-se
de lágrimas diante de Papai Noel verdadeiro. Ele apalpou os bolsos em busca
de balas, mas, diante dos olhos famintos, abriu mão do marmitex que levava
e depois seguiu seu caminho, satisfeito por ter recebido o abraço mais
sincero de sua carreira e de ter sido um bom velhinho de verdade. |
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MINICONTO
DE NATAL Eduardo Prearo Quero
tudo de bom para as pessoas, e que Cristo me ensine a ter mais humildade neste
Natal. Quero voar sobre as montanhas para esquecer um grande amor perdido...Quero
que Suas chagas sejam as minhas. Agora sou um senhor e quero meus dentes perdidos.
Saúde também e muita! Não quero mais pensar em suicídio,
mas só no Senhor Cristo Jesus...Que o Natal seja repleto de felicidades... |
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UM
PRESENTE DE DEUS Silvia Pires Ela
veio ao mundo desafiando todas as dificuldades ocorridas durante sua gestação.
Nasceu a 26 dias do Natal, e deles passou 24 dias na UTI da Maternidade, assistida
pelos mais competentes profissionais da área. Sua recuperação
seria bastante complicada, era muito frágil e pequenina e com um problema
gravíssimo. Não a conhecemos neste período, as visitas eram
proibidas aos familiares. Assim, só nos restava rezar. Porém,
surpreendendo a todos, ela venceu a batalha e fez sua estréia em família
na véspera do Natal, presenteando-nos com sua luz. Seu
nome? Não poderia ser mais adequado: CLARA! |
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PAPAI
NOEL Carvalho de Azevedo Quero
que me explique uma coisa, agora que acho que aprendi o que é mundo virtual.
Não conheci meu pai. Minha mãe me deu de presente e ouvi dizer que
eu tive muitos irmãos. Aprendi a escrever na rua porque a rua sempre foi
minha casa, minha escola, minha igreja. Brinquei muito no parque, antes que a
prefeitura proibisse minha entrada. É isso que é mundo virtual? Por
que as pessoas são tão afetadas e dependentes do mundo virtual?
Será que um dia meu mundo virtual será o mundo de todos? Eles
não sabem que mundo é esse Papai Noel! Diga prá eles enquanto
é tempo. |
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E
O NATAL CHEGOU Pedro Brasil Junior Passou
pela rua como tantos. Maltrapilho, chapéu velho na cabeça. Alguns
diziam que o Natal estava para chegar. Olhávamos da janela para ver se
ele aparecia. Mas nunca chegou ! Tínhamos pequenos sonhos: carrinhos coloridos,
uma bola e uma boneca de pano. Um dia, o maltrapilho chegou ao portão e
pediu um copo com água. Nós ficamos observando o homem com a barba
comprida e esbranquiçada. Então ele colocou um saco no chão,
e de lá retirou um carrinho, uma bola e uma boneca de pano. Deu a cada
um de nós, agradeceu pela água e disse bem alto: Feliz Natal! E
acreditem; Papai Noel existe! |
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A
MELHOR PRENDA DE NATAL Flora Rodrigues Os
pais estavam tristes, porque apesar de se orgulharem da linda filha, ao fim de
ano e meio, ela ainda não ainda falara única palavra. Os médicos
eram da opinião que tudo estava bem. A mãe rezara para que a filha
dissesse pai, mãe, ou outra palavra, queria apenas ouvi-la falar. Naquela
noite, fosse pelo brilho do Pinheiro de Natal, das luzes que piscavam, das prendas
coloridas ou pela alegria dos convivas na consoada, os olhos brilharam-lhe, o
sorriso iluminou-se e a muito custo conseguiu articular as suas primeiras palavras
com perfeição: - Feliz Natal! Foi
a melhor prenda daquele Natal. |
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CUIDADOS
DE PAI Júlio César Caetano A
mesa posta, esposa e filhos aguardavam o pai que viria com o espumante. A
toalha alva de renda, os pratos azuis que faziam parte dos presentes de casamento,
guardados como relíquias no fundo do armário. As
crianças remexiam as mãos e olhavam com avidez para os alimentos
da mesa: o frango assado, a sopa de lentilha, o torresmo. No Natal era tradição
haver fartura. O
marido entra, uma cidra aberta numa mão e outra fechada noutra. Olha torto
para a mesa e grita Barata!. Larga a cidra fechada que se espatifa
no chão e dá várias botinadas no prato com tâmaras,
dadas pela patroa da esposa. |
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EM
RESPEITO AOS AUTORES QUE SE ESMERARAM PARA PRODUZIR CONTOS DE ATÉ 600 CARACTERES,
OS CONTOS COM MAIS DE 1.000 CARACTERES NÃO FORAM PUBLICADOS. |