GOSTO DE SÃO PAULO
Osvaldo Luiz Pastorelli
 
 

Gosto da Paulista.

Quando vim para cá, em 1968, quando sai da minha pequena e querida Rio Claro, os ônibus não tinham catracas, não havia os calçadões, o trânsito circulava no centro, não havia os camelôs sujando a cidade, a ditadura estava no seu apogeu, as manifestações políticas andava solta nas ruas, e ainda eu não tinha conhecimento da beleza da Paulista.

A rua Augusta tinha o seu charme tanto noturno como diurno, era chique fazer compra na rua Augusta, e as noites, principalmente as sextas-feiras e aos sábados o trânsito ficava um inferno por causa do footing automobilístico.

Não havia ainda o metrô, a Sé tinha seu encanto juntamente com a Praça Clóvis Bevilacqua que ainda fazia parte do mapa da cidade.

Os festivais da Record, o cine Metro, enfim a cidade tinha mais encanto, se podia andar com mais sossego as noites.

Hoje é só emporcalhamento, a praça do Correio poderia ser um imenso cartão postal depois da reforma, e o que se vê por lá, imundície e mais imundície, prostitutas, ladrões, camelôs atravancando e sujando a praça, a Sete de Abril, a Barão, o Largo do Paissandu é um imenso parque dos horrores onde transitam as mais terríveis aberrações.

O cine Metro virou igreja, a loja Ducal na esquina da rua Barão com a São João virou bingo, e a Praça da República é um desleixo só.

O pior é que os próprios cidadãos não estão nem aí.

A Paulista ainda resiste, ainda persiste o encanto, espero e peço que esses políticos de merda não a deixem virar o que é hoje o centro da cidade: antro de ladrões e prostitutas e camelôs.