Uma
vez era, entre tantos outros, um menino Desses que quando olhava da areia o
mar, não olhava, via e ouvia. Desses que , ainda sob as estrelas , enquanto
os outros meninos dormiam, espreitava. Vinham os homens e arrastavam do jirau
as redes, deslizavam pelas areia seus barcos e suas tralhas. A culpa era
deles que partiam dali , bem em frente à fresta do seu quarto Ou seria
do vento, que cedo lhe soprara boca adentro o cheiro de maresia? O menino era
assim: pasta de areia e água Lá fora as ondas tangenciavam os
cascos O menino estendia a camisa aberta sobre a cabeça e desancorado,
corria. O menino mareava em terra. A tarde devolvia os homens, os barcos
e os peixes. As pessoas vinham vindo, cercavam os barcos O menino sentia-se
pronto, para o mundo era um menino miúdo Solitário apresentava-se
ao mar, voluntário de um exército ainda futuro. O vento balançava-lhe
a bermuda... Só ele , o vento e o mar. Alguém gritou da janela: _Menino!
Entra! Tá frio! Obedeceu. Lá fora, o vento velava um barco
ao mar Mar de leitos de rios, água doce em sal. Em
"Anais da Fliporto 2006"- Festa Literária de Porto De Galinhas-,
pp.,18 - CIA DO LAZER |