AO
SÍRES, FECHES A PORTA, MAS NÃO A TRANQUES | ||
Ivone
Carvalho | ||
Ao saíres, feches a porta, mas não a tranques. Atrás dela ficou o passado. Atrás dela estão as raízes semeadas. Umas com carinho, outras displicentemente, muitas sem qualquer previsão, tantas ao acaso, várias propositalmente, algumas conscientemente, tantas com irresponsabilidade, diversas com imensa esperança. Porém, todas elas constituem a tua vida! Algumas morreram e te fizeram sofrer. Algumas, por morrerem, eliminaram o teu sofrimento. Tantas delas te darão alegrias, te farão feliz, mas compete a ti regá-las e permitir que sigam crescendo viçosas, saudáveis, alimentadas pelo sol, pela chuva, pelo vento, pela água, pelo solo. Competirá, a ti, banhá-las com o teu suor, com o teu discernimento, com o teu amadurecimento, com a tua ternura, com a tua perseverança, com o teu cuidado, com o teu amor. As boas sementes dão bons frutos. Frutos perfumados, saborosos, saudáveis, que ao serem ingeridos alimentam, dão viço à pele, brilho aos olhos, força ao corpo, energia à mente, prazer ao paladar. Não abandones as boas sementes por ti plantadas. Sê paciente e aguarde pelos resultados. Mas não esperes de braços cruzados! Contemple-as constantemente, retires as ervas daninhas que tentarem se aproximar delas, abras as janelas para recebam o calor e a luz do sol, retires as folhas velhas que possam enfraquecê-las, sacies a sua sede, converse com elas(!), aspires o seu perfume, não te desiludas ao veres alguns espinhos, pois também eles são imprescindíveis ao seu crescimento. Se estes te machucarem, cuides com carinho de cada ferida, porque estas se cicatrizarão e, para ti, deixarão, também, um grande aprendizado. Ao saíres, feches a porta, mas não a tranques. E sigas em frente, percorrendo a estrada que escolheste e que acreditas seja o melhor caminho a seguir. Não penses em sentar para um descanso, muito menos em parar ou voltar. Para o passado, voltes apenas os teus pensamentos e as tuas lembranças, não te esquecendo, em momento algum, de regar as sementes que vingaram e que ficaram atrás da porta. Elas serão as frondosas árvores que te alimentarão o corpo, a mente e a alma. Não esqueças que colherás o que plantaste e que receberás multiplicadamente toda a dedicação que doaste enquanto instrumento imprescindível para o plantio, o crescimento e o amadurecimento dos frutos que te alimentarão. Ao saíres, feches a porta, mas não a tranques. Após longa caminhada, é provável que necessites recordar por qual motivo semeaste aquele pequeno grão e o quanto ele foi importante para ti naquele momento, pois, sem ele, provavelmente não saberias qual o caminho a seguir após saíres e fechares a porta. E não tenhas dúvida! Com amor, paciência, dedicação, humildade, perseverança, responsabilidade, garra, fé, ternura e vontade, transformarás em realidade os teus bons propósitos, caminhando de cabeça erguida e olhando para frente, sem esquecer de cuidar dos pequenos grãos que plantaste, os bons e os ruins, pois todos eles constituem a tua vida! Um novo ano somente será melhor que os anteriores se nós mesmos o fizermos melhor! | ||