OS PARANORMAIS: NADA ALÉM DA VERDADE
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

(...)


Se duas pessoas estão juntas em alma, em mente e nos seus corações, nada pode separá-las, nem mesmo a distância física.


Cândido voltou para terminar seu combate contra Caio, mas trouxe alguém para lutar contra Daniela dessa vez. E as duas lutas começaram. Caio e Daniela não começaram bem, mas agora os dois pretendem lutar com todas as suas forças. Quais serão os vencedores desses combates? Será que, finalmente, Caio descobrirá a verdade sobre si mesmo e sobre sua família?


_ [Corrente da Morte!]


_ [Bomba de energia!] _ Defendeu-se Caio.


A "Corrente da morte" _ lançada por Cândido _ não era tão poderosa quanto aquela lançada por seu mestre, mas era sim muito forte. Ela atravessou o ataque de Caio, absorvendo-o e, em seguida, atingiu seu alvo com toda a força. Caio foi duramente atingido e foi ao chão, sua Energia Vital ficou agora em 20%.


Cândido zombou:


_ Isso é tudo o que você tem? Hahahahahahaha!!! Se for assim, essa luta será fácil! Eu o vencerei e, finalmente, provarei que sou melhor que você!


Entretanto, Caio ergueu-se, com uma expressão de pura determinação no rosto, e disse, firmemente:


_ Eu... Não... Perderei... Essa luta!


_ Ah, não? _ Cândido retrucou. _ Sua Energia Vital está bem menor que a minha! E, o melhor... Você não pode escapar da minha "Corrente da Morte"! Então, Caio, o que você vai fazer? Penso que não há opção pra você. Você perdeu! Admita!


_ Eu ainda não perdi, Cândido, e nem perderei! Você é como todos os meus adversários... Você me subestima. No entanto, eu lhe mostrarei que aqueles que são prepotentes sempre perdem!


_ É mesmo? Quero ver! [Corrente da Morte!]!


_ [Reflexão!] _ Caio contra-atacou.


_ Muito bem, Carolina _ Daniela falou _, agora é a minha vez!


_ O quê? _ Carolina não acreditava. _ Como? Você não poderia escapar do meu ataque sem um arranhão! Isso não é possível!


_ Ah, não, Carolina, não é impossível... Diga-me... Por que você luta?


_ O quê?


_ Por que você luta, Carolina? Qual é a sua razão para lutar?


_ Não preciso de uma razão para lutar, eu simplesmente luto.


_ Ah... Isso não é bom. Lutar por lutar não é uma boa idéia, sabe? Você precisa de um motivo, ou perderá seus combates.


_ Eu não acredito nisso.


_ Certo. Então, eu lhe mostrarei que tenho razão! Eu escapei do seu ataque, porque não estou sozinha nas lutas, não mais. Há alguém que está comigo e eu tenho um motivo para seguir viva, um motivo para lutar. Por isso, você não pode me vencer. Você assumiu muito bem o papel de sombra, sabia?


_ O quê? Então, você acha que sou sua sombra, é?


_ Todos vocês, paranormais de isótopos, o são. Todos vocês são meras sombras! Cândido parece lutar por causa do grande ódio que sente por Caio... Ao menos foi o que ele deixou transparecer para mim, quando me prendeu naquele lugar e agora a pouco, quando nos encontramos. E você... Você não luta por nada, o que é ainda pior. Imagino que todos os outros são como vocês... Posso sentir isso. Vocês têm um complexo de inferioridade, por serem paranormais de isótopos. Carolina, enquanto você se considerar uma sombra, enquanto você agir como uma sombra, você será uma sombra. Mas você não precisa ser uma sombra... A escolha é sua.


_ Não, você está errada, completamente errada! Eu não tive oportunidade de conseguir um dos chamados "cristais normais"... Mas eu queria ser uma paranormal! E... Eu queria um cristal! Porém, ninguém me deu oportunidade... Tive que me contentar com um "cristal de isótopo" e me contentar em ser uma sombra da pessoa portadora de um "cristal normal"...


_ Você se contenta com muito pouco, sabia?


_ O quê?


_ Ter um "cristal de isótopo" não faz de você uma sombra. Você tem sua própria personalidade e precisa encontrar seus próprios motivos para lutar. Lutar contra mim não fará você deixar de ser uma sombra. A única coisa que poderá fazer você deixar de ser uma sombra é sua própria decisão de não ser mais uma sombra. O cristal que você tem não determina quem você é; mas você sim, pode determinar quem você quer ser.


_ Já chega! Eu não vim aqui para conversar!


_ Muito bem... Vamos lá, então!


_ [Congelamento!]


Daniela não se desviou, ela apenas construiu um enorme bloco de gelo em volta de seu corpo, que barrou o ataque.


_ Carolina, um mesmo ataque não funciona duas vezes contra mim! Agora é a minha vez, então!


E Daniela se concentrou, juntou uma enorme quantidade de energia, transformou essa energia em gelo e, depois, lançou:


_ [Energel!]


Carolina foi duramente atingida. A Energia Vital dela ficou em 70%.


Carolina estava congelada por alguns momentos. Mas Daniela sabia que o congelamento não deteria a rival por muito tempo; afinal, as duas tinham o gelo como uma de suas especialidades. Entretanto, não era mesmo intenção de Daniela congelar sua adversária para sempre: ela apenas precisava de alguns segundos, segundos preciosos, que Daniela usou para lançar um novo e poderosíssimo ataque, com todas as suas forças:


_ [Ondas de Pedras!]


Antes de lançar seu ataque, Daniela se aproximou o máximo possível de sua rival e, como o ataque foi lançado com toda a força de Daniela e também foi um ataque à queima-roupa, Carolina não teve a menor chance de se defender. Enormes ondas de pedras duras e pontiagudas acertaram Carolina em cheio, jogando-a longe. Carolina, obviamente, ficou caída no chão depois do ataque e a energia vital dela ficou em míseros 5%. Além disso, ela ficou muito machucada.


Daniela se aproximou e disse:


_ Creio, Carolina, que nosso combate termina aqui. Quando você achar um motivo pra lutar, se você ainda quiser lutar contra mim, eu aceitarei o desafio. Por ora, entretanto, nossa luta terminou e você perdeu.


E Daniela saiu dali.


_ "Preciso ir até onde Caio está lutando... A ajuda que ele me deu lhe custou muito e... Não permitirei que ele perca a luta contra Cândido!" _ Daniela pensou.


E assim ela fez. Ela correu até onde Caio estava lutando e conseguiu ver o final da luta.


Novamente, o ataque de Cândido foi na direção de Caio. Entretanto, um espelho apareceu na frente dele e refletiu a "Corrente da morte" de volta contra Cândido. Este, foi atingido por seu próprio ataque, e sua Energia Vital foi reduzida para 65%.


Caio não perdeu tempo e lançou:


_ [Força e energia!]


Cândido, atordoado por ser atingido por seu próprio ataque, foi novamente atingido e sua energia vital caiu para 50%. Ele foi ao chão. Todavia, rapidamente Cândido se levantou.


Ele falou:


_ Muito bem, Caio, eu ainda tenho mais uma coisinha pra você! [Morte Suprema!]!


O ataque de Cândido era realmente muito poderoso; contudo, era muito lento. E Caio era muito rápido; então, ele decidiu se desviar do ataque e o fez com extremo sucesso. Ele disse:


_ Cândido, seu ataque é realmente poderoso, mas é muito lento. Você não me atingirá com isso! Eu vou lhe mostrar o que é um ataque rápido!


Caio, então, fechou sua mão direita, concentrou-se e, após um tempo, jogou alguma coisa contra Cândido, enunciando:


_ [Bomba de Energia!]


Sim, Cândido já havia visto aquele ataque. No entanto, agora ele não conseguiu ver nada: ele foi duramente atingido e sua Energia Vital ficou em 40%. Caio, então, falou:


_ E, agora... Basta de joguinhos inúteis! [Pontes de Hidrogênio!.


Cândido foi imobilizado pelas pontes de Hidrogênio. Em Seguida, Caio disse:


_ Agora, Cândido, é hora de terminarmos esta luta!


Caio se concentrou e, depois, lançou, de baixo para cima:


_ [Força e energia!]


Cândido foi atingido em cheio e voou... Seu corpo voava, cada vez mais alto, impulsionado pela energia lançada por Caio. E Caio, por sua vez, voava por vontade própria, abaixo de Cândido e continuava a lançar seu ataque de baixo para cima, fazendo com que Cândido voasse cada vez mais alto. Em um determinado momento (depois de bastante tempo lançando aquele ataque), Caio parou seu ataque e voou mais alto que Cândido. Então, ele disse:


_ Agora, Cândido, você será esmagado! Prepare-se! Esse é o seu fim!


E, em seguida, quando Cândido parou de subir (porque já não havia força que o fizesse subir e a gravidade o reclamava para baixo), Caio lançou, mas agora de cima para baixo, com toda a sua força:


_ [Ondas de Energia!]


Enormes ondas de energia atingiram Cândido, de cima para baixo. A primeira onda, aliada à força da gravidade, impulsionou Cândido para baixo, sua queda era vertiginosa e muitíssimo acentuada; a segunda onda poderosa de energia piorou ainda mais a situação; a terceira, atingiu-o no exato momento em que seu corpo batia duramente no chão e, as demais simplesmente fizeram o resto do trabalho.


_ E, para terminar... _ Disse Caio, o qual agora já estava de pé, no chão... _ O golpe de misericórdia! [Bomba de Energia!]!


Cândido, abatido, fraco, nada pôde fazer e foi, mais uma vez, duramente atingido.


Sua Energia Vital ficou em apenas 0,5% e ele estava muitíssimo machucado, sem condições de fazer nada. Sangue escorria por seus machucados, lentamente, drenando o resto de vida que ele tinha.


Após alguns segundos de silêncio, ele falou:


_ Parabéns, Caio, você venceu. E, agora, é hora de que eu cumpra a promessa que fiz. Eu vou lhe contar a história de sua vida... E direi a verdade, nada além da verdade.


Cândido falava com um pouco de dificuldade. Mais alguns segundos de silêncio se passaram e, então, ele continuou:


_ As tradições das famílias antigas de paranormais mandam que as famílias não tenham dois filhos gêmeos do mesmo sexo... Caso isso ocorra, um deles deve ser morto. E, bem... Há famílias que seguem rigorosamente essa tradição... Famílias como a nossa, por exemplo.


_ O quê? _ Caio estava assustado. Cândido era...? Não podia, podia?


Daniela, a qual ouvia tudo, mostrou-se e exclamou:


_ Nossa! Isso é... Horrível!


_ Não, garota... _ Cândido contestou... _ Não é horrível, é apenas a tradição. continuando... Nossa mãe teve trigêmeos... Dois meninos e uma menina. Pelas tradições, ela poderia ficar com a menina; porém, teria de escolher entre um dos dois garotos. E assim ela fez. Fui jogado do alto de uma montanha e, bem, era para eu estar morto... Entretanto, um paranormal me salvou da queda... Meu mestre. Ele cuidou de mim... Era tudo o que eu tinha! E quando soube da minha história, ele decidiu matar você... Ele disse que eu deveria ser o gêmeo vivo... Mas ele falhou. A partir de então, fiquei sozinho... Decidi pesquisar tudo sobre você, decidi ser sua sombra! Contudo, agora percebo que isso não adiantou... Sabe, penso que nossos pais fizeram uma boa escolha.


_ Então, isso significa que... _ Caio murmurava... _ Isso significa que... Que...


_ Sim, Caio, eu sou seu irmão. Porém, nem pense em salvar a minha vida! Você bem sabe que a "Transferência Vital" só pode ser feita se a outra pessoa aceitar a transferência e, eu não penso fazê-lo. Não aceitarei sua Energia Vital! Eu não quero seguir vivo... Jamais sonhei em ter uma irmã... Eu não suportaria! E sei muito bem que você também nunca sonhou em ter um irmão... Não, Caio, eu não devo viver mais. As coisas têm de ser como devem ser! E eu devo estar morto, e não vivo. Mas antes que eu morra...


A Energia Vital de Cândido agora estava em 0,3%. Ele falava cada vez com mais dificuldades. Após alguns segundos de silêncio e tensão, ele prosseguiu:


_ Antes que eu morra... Tenho que dizer onde está sua irmã...


Mais alguns segundos de silêncio e, então, Cândido concluiu:


_ Sua irmã está... Está... Muito perto de você... Para ser mais preciso, agora ela está... Do... Do... Do seu lado.


_ O quê? _ Caio questionou incrédulo.


Quem estava do lado dele era... Daniela.


A garota também se assustou. Seria verdade?


_ São... Muitas coincidências, você não acha? _ Cândido continuou. _ Nosso sangue é raro, Caio... Na verdade, ele é único. E... Você não acha... Estranho que... Daniela tivesse... O... O mesmo tipo de sangue... Que você? Além disso, você e ela... Têm uma forte conexão mental... Própria de gêmeos... E, se vocês pudessem ver,... Veriam que... Veriam que... Que... Vocês são... Muito parecidos! Vocês não... Precisam mais... Procurar... Você e Daniela, Caio, são... Irmãos.


Caio e Daniela ficaram em choque. Nenhum dos dois fez nada. A notícia foi dada de uma maneira muito brusca e inusual... Ambos estavam sem reação.


Mas Cândido ainda não havia terminado. A Energia Vital dele agora estava em 0,1% e ele já havia perdido muito sangue, mas ele continuou:


_ Mas isso não é tudo, Caio... Vocês dois... Ainda têm... Mais... Mais uma irmã... Mais uma... Eu não... Não sei... Muito... Sobre... Ela... Mas... Sei... Sei que... Sei que ela... Existe... Não sei... Onde... Ela... Está... Boa sorte,... Caio.


De repente, uma nuvem densa e escura apareceu atrás de Cândido. Então, uma mão o agarrou e ele foi "engolido" pela nuvem. Em seguida, a nuvem desapareceu.


Caio e Daniela ficaram estáticos por um breve momento e, então, Daniela falou:


_ Estava tão perto e...


_ E nós não percebemos, não é? _ Caio completou.


_ É... Eu... Eu me sinto uma idiota! Depois daquele dia... Bem, eu... Eu fiquei com raiva do mundo... Ah... Eu...


_ Isso é natural. Aquele dia foi traumático para nós dois. Porém, eu encontrei Melissa, que foi muito mais que uma mestra para mim e... Por outro lado, imagino que você não teve a mesma sorte, estou certo?


_ Sim, está. Minha mestra era fria... Ela não me tratava mal, mas... Jamais se aproximou de mim... Ela foi apenas profissional... Entende?


_ Sim, entendo. E... Bom, você não teve apoio para superar o trauma e seguir em frente. Então, é normal que você tenha ficado com raiva do mundo... Ele não foi muito bom com você.


_ É, mas... Se eu tivesse tentado... Se eu ao menos tivesse tentado ser diferente...


_ Não, você não tinha como fazer isso, Dani. Esqueça o passado!


_ Por que será que nós não percebemos? Agora que penso,... Estava tão claro! Nossas histórias de vida são parecidas... O nosso sangue é igual! E... Raro! Ah! E tem também nossa pequena conexão mental... Por que não percebemos? Estava tão óbvio, tão perto!


_ Melissa sempre diz que demoramos bem mais a perceber as coisas que estão próximas de nós e, por isso devemos tomar mais cuidado com elas... Acho que é verdade.


_ Sim, é.


Após mais alguns segundos de silêncio, os dois finalmente terminaram de sair do choque da notícia.


Eles se abraçaram, e Daniela falou:


_ Ah, Caio, eu senti tanto a sua falta! Todos esses anos...


_ Eu também senti muito sua falta, Dani! Muito mesmo!


Os dois sorriram: finalmente eles haviam realizado seus maiores sonhos, finalmente eles estavam juntos, como deveria ser.


_ Que tal voltarmos para casa? _ Caio sugeriu.


_ Excelente idéia! _ Daniela concordou.


E os dois voltaram, caminhando abraçados e lentamente, conversando, conhecendo-se, recuperando o tempo perdido e, com uma certeza: não importa o que viesse, eles estavam juntos e, dessa forma, eram invencíveis! Eles venceriam tudo o que viesse, certamente.


O que era aquela nuvem que levou Cândido? O que aconteceu com Carolina, depois da luta contra Daniela? Cândido e Carolina foram derrotados. Entretanto, eles eram apenas os lacaios de David e, este, ainda está vivo. Quando David atacará novamente e, como? Que aventuras aguardam nossos heróis?


(continua)