MEDO
DO AMOR
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Suzana
Garcia
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Não sabia, ao certo por que, conferiu os papeis que lotavam a mala, o travesseiro trazido para garantir um sono tranqüilo, olhou para ela pela última vez, fechou o zíper e se foi assustado com tudo que havia acontecido. Nunca se sentira assim, tomado completamente. Perdera o raciocínio, as rédeas de sua vida. Um turbilhão de emoções o atormentava. Como não conhecia o amor, apavorou-se. Que estranha emoção sentia, pela primeira vez em sua vida largara tudo. Seu trabalho, sua família, sua rotina, seus amigos. Até então sempre soube o que fazer, como fazer e quando fazer. Não conseguia mais. Por uma voz, depois um bom papo, conversas longas, amaram-se por telefone. Uma, duas, três, mil vezes. O primeiro olhar, no aeroporto, trocado entre tantos outros olhares e sabiam quem eram. Foi neste momento que ele percebeu o quanto precisava dela. Todos os cinco sentidos levados ao extremo. Viagens esporádicas. Paixão intensa. Ela entregou-se totalmente, de corpo e alma. Riram juntos, trocaram bilhetes por malote. Bilhetes e cartas não podem ser deletados. Ninguém consegue rasgar uma prova de amor. E ela não rasgou. Hoje ainda lê cada um deles, cada carta. Ela tem a certeza do amor, afinal não nascem crianças lindas e perfeitas de uma relação vazia. E ele? Continua com medo do amor verdadeiro. |