MIRANTE
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João
Gilberto Engelmann
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Que
digam que não devo morrer, Soldem os mórficos desejos
de não mais me verem, Que reste somente a minha casa despossuída,
E um céu de branco que não quero pra mim. Eu que não
tenho de que morrer, Se disto ou daquilo não sabem, Que prestem
atenção, Morrer não é possível. Que
a morte é o passo para a vida, sabia, Que viver é temperar
a morte de angústia, também, Oxalá morrêssemos
de uma vez só, Quanto menos vida teríamos frente aos olhos.
Me chamaram, não fui. Que mereçam ruidar como travessos,
Embuste. Um nada soprou agora dali, daquela direção.
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