SOLUÇÃO ADOTADA
Cris Dakinis
 
 

E a família aumentou...! Enfim, depois de tanta espera, o feliz casal adotou Júlia e Michel.

Atravessar meses de gestação é algo demorado e ansiado, tanto para o casal quanto para a família inteira. Quando há filhos aguardando por um novo irmãozinho parece ser infindável tal espera. Porém, uma gestação tem prazo aproximado de nove meses para seu término. Já a espera numa fila de adoção... Falei em... Uma fila de adoção? Não! O casal entrou em várias filas de adoção, de tudo quanto é cidade, e em várias localidades pelo país afora.

Desde o nascimento de seu primeiro filho, ao saberem dos riscos acentuados de saúde, caso ela levasse a termo outra gravidez, foram aconselhados a se tornarem “pais de coração” e, corajosamente, toparam uma verdadeira maratona em busca da realização do desejo de criar mais filhos.

Pais biológicos, após receberem em seus braços o aguardado filho, esquecem todos os desconfortos do “estado interessante”, tais como: azias, enjôos, dores de coluna, corridas às drogarias 24 horas, e outros contratempos afeitos ao período gestacional de espera... Pais adotivos, que aguardam, estatisticamente, períodos bem maiores para receberem seus filhos, também relevam a burocracia extenuante por que passaram até atingir seu intento: horas de espera para várias entrevistas em Conselhos Tutelares, exibição do raio X de suas vidas na exposição de rendimento familiar, certidão cível e criminal, atestado de saúde física e mental, testemunhas, visitas constantes e infrutíferas a abrigos, e por aí vai... Tudo o que não há como ser cobrado de pais irresponsáveis, que despejam filhos no mundo sem ter condições de criá-los, é meticulosamente cobrado dos “pais de coração”, e em dobro, em triplo... Engana-se quem imagina que as filas de pretendentes à adoção são enormes pela “seletividade” na escolha de características das crianças a serem adotadas. Escrevo sobre essa família, que não optou por cor, raça, sexo ou idade. No entanto, eles aguardaram só quatro anos nas filas...

Mas retomemos o presente momento feliz, que acontece com a nova família dos pequenos Júlia e Michel. Os irmãos abandonados, que estavam “abrigados” em um orfanato há dois anos, esperando toda a burocracia da destituição dos direitos da família que nunca lhes desejou. Sendo irmãos gêmeos, a adoção dessas crianças tornou-se mais dificultosa, digamos assim... O fato de já contarem tempo de estadia no abrigo, também. Voltemos à comemoração???

Viva! Pai, mãe, irmãozinho, avós, tios... A família inteira de Júlia e Michel estão radiantes com este recomeço __ nem acreditavam mais que ainda adotariam! E que correria! Até vizinhos se prontificaram a ajudar com a higiene, alimentação, roupinhas, com os utensílios dos pequenos.... afinal, são gêmeos!

__ Alguém se lembrou de bater fotos? De registrar os primeiros momentos dos pequeninos em família? Ah, que bom! Júlia com seus belos olhos de jabuticaba, de tão negros, ganham só de sua bela tez. E Michel todo risonho com seus cachinhos “emboladinhos”, como definiu o irmãozinho de cinco aninhos, que há muito aguardava esses irmãos.

Todos ali estão iniciando uma fase muito importante de suas vidas. Mais do que um início: um reinício. Um verdadeiro recomeço para os orgulhosos papais dos bebezinhos. E para esses, também um recomeçar... Família nova, vida nova, felicidade à vista!