NOVA
DECLARAÇÃO - ARTIGO B
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Thiago
Pinheiro
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Liberdade é coisa séria, coisa de pessoas sérias, tipo de quem está no lado avesso do mundo; o impopular lado B B só por causa da incompreensão, tudo depende da vontade coletiva que um dia talvez seja acordada, mas o que acordaria essa vontade? Se perguntado a um fanático por Linux, a resposta vem rápida e firme - software livre! Pra turma do software livre não existe hora, a madrugada muitas vezes é o único momento em que o sonolento mundo A deixa o B trabalhar sossegado. Durante o dia, é trabalhar no mundo A para sustentar o vício, a curiosidade porque software livre é como um carro com câmbio manual, é mais difícil, mas muito mais pilotavel. Eles se vestem de malha, muitas vezes mesmo em dias quentes, a maioria sem estampa, gostam de jaquetas com zíper, bolsos, mochilas, freqüentam lugares B: butecos B, reuniões B, onde comem salgadinhos B e cervejas A. Discutem assuntos B mesmo diante de confusas pessoas A sim! porque são capazes de abrir mão de água, de comida para B-atificar alguém. Dica: Existe
também a vertente dos filósofos B do software livre, sim
porque tem gente (mesmo "A") que vê arte nessas coisas,
se interessando por conceitos B, we live in a matrix, dizia
a capa de uma revista cientifica A, sugerindo uma concepção
binária de universo real. Usuários de Windows são vítimas do sistema, cavalos celados, gente a mercê dos que são mercenários alias não só dos mercenários, gente assim simboliza o mundo A; o das grandes corporações, das derrotas sociais, da fome na África, da má distribuição de renda, do fracasso no controle ambiental. Neste contexto, software livre torna-se um símbolo de transformação; uma vontade de dar a volta por cima. Gente B está engajada em eventos sociais, quer salvar a mata atlântica, quer mudar o mundo das mais diferentes formas - Se você gostou da idéia, entre para o meta-fazenda ou para o bio-campus-lab ou quem sabe para o libertaclube? Esses redutos B são agrupados de forma semelhante a células terroristas (se você for americano, calma): em casas de moradores solitários, na madrugada entram e saem em silencio, mas quando a porta fecha os planos começam. São missionários de uma liberdade gratuita que poucos querem: isso vai mudar, precisa mudar! Ah! Gente B viaja, viaja muito, e gosta de destinos onde a informática não chegou, é para ter contato com a terra, com o lado B radical, o que é desmatado diariamente; Ou então viajam para grandes cidades, fóruns de discussão sobre futuro, exclusão digital, direitos sociais,..., a turma do software livre é de um certo modo um parlamento global, tentando escrever uma nova constituinte, uma nova declaração dos direitos digitais e humanos. |