PERFÍDIA!!!
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Flavio
Luengo Gimenez
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Declaro solenemente que jamais faltarei com a verdade, de maneira alguma. Longe de mim fazer da mentira um modo de vida, sempre pautei minha vida nos pilares sólidos da democracia, da família, da tradição dos valores que me são mais caros, nobres leitores. Tenho a dizer que não são minhas aquelas notas frias achadas em meu paletó, que dizem ser meu e realmente é, ou era, um de meus favoritos. Acontece que doei a roupa a um brechó já faz algum tempo e jamais poderia ser culpado pelas notas achadas num bolso que se supõe costurado por sabe-se lá que mãos maldosas, as mãos do mal que pretendem denegrir minha vida, macular minha honra, destruir minha reputação. Jamais comprei um Lear-Jet, como comprovam as supostas notas achadas no suposto bolso supostamente costurado num terno que já foi meu, posso comprovar tudo com o que tenho à mão, comprei, verdadeiramente e os olhos de minha finada esposa não hão de mentir, um pequeno helicóptero, desses baratos e de fácil manutenção e é mentira, calúnia o que dizem do aluguel do espaço que tenho reservado para ele, de que seria dinheiro decorrente de vendas de favores. Senhores, estão mexendo com a honra imaculada de um homem público, estão denegrindo a imagem de alguém ilibado, honesto, nestes trinta anos jamais, eu digo, jamais dei um escorregão que não fosse o que vitimou minha bacia, motivo pelo qual até hoje manco! Sou manco sim, sou manco! Como podem dizer que uma formosa senhorita, de vinte e poucos anos, se interessaria por mim? Um homem velho, alquebrado e manco, pois sim! Só tenho e tive olhos para minha esposa, aquela santa que sempre me ergueu em tantos momentos difíceis! Aquilo que dizem que a moça supostamente teria falado, de que guarda consigo uma peça de minha roupa de baixo com boa carga de meus genes nela, é falso. Soa falso como todas as declarações vilipendiosas acerca de meu caráter irrefutável! Senhores leitores, soa falso dizerem por aí que ela carrega algo mais naquela barriga que uma pança regada a coca-cola e hamburgeres diversos, que fiquei sabendo pela imprensa são freqüentadores assíduos de sua mesa. Maldosos, répteis sibilantes de escusos sentimentos são aqueles que querem imputar a mim a autoria daquela coleção de gordura! Tenho cá comigo as provas que irão desmentir, em tempo recorde, mais essa calúnia. Da barriga de minha mulher nasceram meus três filhos, que andam pelo mundo agora envergonhados, cabisbaixos, soturnos! Como poderei olhar, pergunto, como poderei olhar nos olhos de meus filhos de novo se me acusam de coisas que não existem? Ora senhores leitores, tenho como provar em tempo hábil quaisquer mentiras e calúnias que meus inimigos ferrenhos tenham colocado na mídia, esta fera indomável agora, pois que declaro-me saudoso dos tempos em que a mídia dizia o que interessava e não o que lhe interessa mais, que é criar factóides! A mídia, ora a mídia! Leitores, eu declaro solenemente que a verdade é transparente e cristalina e assim como o sol brilha, desmentirei uma a uma as acusações que me são impostas! Como, eu leio e pergunto, como posso ter uma mansão de oito quartos com o que ganho? Ora, tenho sorte, fui aquinhoado pela sorte estes anos todos. Uns não a têm, tenho-a de sobra, de modo que o patrimônio que eu e minha falecida esposa aquinhoamos tem origem absolutamente legal, como o comprovam as notas que tenho comigo e que apresentarei assim que as tiver ordenado! Calúnias, mentiras, infâmias, é tudo o que ouço nestes pasquins imundos que se ocupam em dilapidar a alma e a imagem incorruptível de quem jamais imaginou em corromper uma formiga, se é que elas o são! Saudosa época em que éramos mais respeitados, em que a autoridade se exercia simplesmente pela autoridade e não pela imposição dos outros, saudosa época, caros leitores!!! Mais inverdades se ajuntam nessa mesquinharia que é a fala da gentalha que anda dizendo ser eu o autor das ordens que silenciariam boa parte dos mentirosos que me caluniam! Jamais, ouviram, jamais faria uma coisa destas a quem quer que fosse e estão aí meus filhos para confirmar se eu, alguma vez, elevei o tom de voz com eles! Jamais! Tudo o que faço e falo é cara a cara, senhores leitores, olho a olho, tête a tête. Quem vai levantar a voz e dizer que eu o silenciei? Seria então eu, homem de bem, com trinta anos de vida pública, autor de tantos finais de vida quanto os que me imputam? Carregaria eu a culpa de tal ignominiosa inverdade? Como podem agir assim com este homem que se doou com a mais caridosa vontade, com o sangue sendo oferecido em mais de uma vez em hospitais públicos? Perfídia, senhores leitores, perfídia... Vai de cada um acreditar no que pode. Ou no que deve. Até mais ver! |
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