É DEZEMBRO
Osvaldo Pastorelli
 
 

Verão, sol, temperatura baixa, frio, manhã cinzenta, é verão, é dezembro.

Metrô apinhado empurra empurra alucinado, felizmente chego ao destino meio que amassado, mas tudo bem, é dezembro.

Último mês do ano, festas, cervejas, comemorações, jantares, babados mil levando e fazendo acreditar no ano que vem será melhor, mas é dezembro.

Último mês do atual governo, que o próximo se não for o milagre tão esperado (Lula) que pelo menos faça algo justificável, é dezembro.

Enfeites, alegres músicas invadem a avenida noticiando aos consumidores que o consumo deve ser prevalecido, afinal um homem morreu lutando pelos esquecidos e os pobres que serão renascidos, pois é dezembro.

Caminhamos pela trilha da aventura que desde os primórdios é construída por gananciosos antepassados destruidores em potencial, ah! esqueci, é dezembro.

A pobreza brilha mais esplendorosa nos sorrisos das vitrines iluminadas de mortas esperanças por famintas bocas esfaceladas nos becos sujos da alma egoísta, é, eu sei, é dezembro.

É como conta gota que do frasco de soro sae direto para as veias latejadas de angustiosas dores a nos alimentar diariamente, porque? Porque é dezembro.

É verdade, mudas-se o calendário, não se muda o medíocre pensamento de assassino prepotente que pensa ser o dono do mundo e do poder podre do seu imundo dinheiro, digo novamente, é dezembro.

Mas vamos vivendo, desviando dos golpes baixos injustamente, vamos levando nossas almas, dirigindo nossas vidas, seguindo dentro da mais dura realidade que seja, por mais infrutífera que ela seja, devemos constantemente seguir, nunca parar, porque dezembro é sempre dezembro.

E porque é dezembro, há paz, amor, felicidade, pois é dezembro.

 
 
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