CODINOMES
GAIVOTA
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Luísa
Ataíde
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Vê
mais longe a gaivota que voa mais alto Um dia deixamos o rochedo e cruzamos o mar. Sob os pés a constelação das águas, sobre as cabeças um arquipélago de estrelas. Numa manhã entre os nevoeiros e a primeira luz do sol, lá estará a areia da praia . O bando estará lá, despertando ainda, mas o reconheceremos.Aqui estarão todas as lições de vôo e os desafios de recolher das águas os peixes. Nossos nomes? Fernão, João, Francisco, Lucas, Anas, Magnólias, Constâncias, Alices, Teresas, Adelinas, Marias , tantas Marias. Aqui o verbo é aprender , a continuação dele é praticar. Ninguém é mais divino que ninguém e o segredo é estar atento olhando pra si mesmo e para o bando. Nada nos impedirá o caminho, o corpo é continuação do pensamento. Onde quer que o pensamento vá, é para lá que o corpo também irá. Nós não estamos em qualquer bando, este é o nosso bando. É necessário aprender a voar em formação. Um dia olharemos em volta e não haverá mais ninguém, iremos de um mundo a outro tão igual ao primeiro, esquecendo imediatamente de onde viemos, não nos importando de onde estávamos indo. Quantas vidas teremos de viver antes de notarmos que há mais coisa na vida do que comer , lutar ou fortalecer o bando? Muitas vidas, e depois outras vidas para aprender que existe algo como a perfeição. Outras ainda para entender que a nossa finalidade na vida é encontrar essa perfeição e passá-la adiante. Se algum de nós atingir o nível mais alto é preciso retornar e ajudar o bando. Nada nos impedirá o caminho. Do livro e filme Fernão Campelo Gaivota |