É DA CASA DO BRANCO?
Adriana Vieira Bastos
 
 

"Um brinde à "nossa" Turma68-Unicamp!"

Com esta pergunta, vinda do outro lado do telefone, a qual levei um tempo para associar o apelido ao dono, comecei, após longos anos de casada, a conhecer uma nova faceta do meu marido.

Tudo porque um amigo dele, do tempo que cursava a universidade, resolvera reunir a turma para matar a saudade. Há mais de vinte e cinco anos meu marido não os via, mas, bastou este telefonema para a saudade dentro do seu peito aflorar...

Conforme combinavam o tal encontro, via o seu jeito tranqüilo e circunspecto ceder lugar ao brilho do olhar de um garoto ansioso pela sua primeira partida de futebol...

Sentada num canto da sala, com aquela cena me encantava, até ser avisada da reunião de confraternização. Dois dias num sítio distante da cidade.

Nesta hora cai na real. Afinal o gostar é muito subjetivo e, com tantos quilômetros me separando da cidade, não teria como me safar caso me deparasse com uma "possível indigesta reunião"...

No entanto, algo refreou minha impulsividade e resolvi partir para esta aventura. Mesmo sabendo que o que para ele seria garantia de entretenimento, para mim, poderia ser, ou não, um verdadeiro tormento...

Ressabiada com esta duvida, cheguei ao sitio. Mas, para meu espanto, fui sendo acolhida pela alegria de todos que lá se encontravam...

Das peraltices da época da república eles iam recordando, e jovens espíritos, no corpo daqueles grisalhos, iam se instalando.

A cada maluquice lembrada, uma ruga de suas faces era apagada. E, naquela regressão esfuziante, o passado se tornava presente, à medida que era prazerosamente lembrado.

Aos poucos, nós mulheres, fomos sendo seduzidas por este contágio deliciosamente pueril e, sem perceber, permitimo-nos também relaxar. Tocamos, cantamos, brincamos e, com as peraltices dos "rapazes", íamos nos encantando ...

Para nossa surpresa e felicidade, no desfecho deste primeiro encontro, fomos intimadas, por eles, a fazer parte da turma... De meras acompanhantes, saímos dali coadjuvantes.

E, de lá para cá, sabedora do quanto esta turma me faz bem, não perco mais um encontro, pois sem ela não sei mais ficar sem...