APENAS UMA HISTÓRIA
Suzana Garcia
 
 

Noite imensa!Pesada mesmo!

Após sairmos do café, Helena e eu estavamos tão fatigadas que caminhamos em silêncio até a entrada do hotel.

Como tivemos paciência em ouvir tanto "nada", pois era exatamente o que ele deixou, um imenso nada de quatro horas de praticamente um monólogo entremeado com nossas interjeições de "Nossa!","Uau","Credo!"," verdade ?".

Afirmativas como :"... não creio que o aquecimento global exista, acho que é lenda urbana";"...pobre é pobre porque quer";"...a Amazônia é muita grande, dá pra todo mundo!";"...os animais que estão em extinção em nada me ajudam, pois que acabem!";"...a educação no Brasil é boa, os alunos é que não estão nem ai!";"não vou ao cinema, espero o filme sair em DVD, pirata, é claro, porque é bem mais barato";"...se eu não fizer, vem outro e faz!";"eu estou seguro...".

O festival de besteira ecoava em nossas mentes como um martelo numa bigorna que a cada estampido nos alertava para a total ausência de conhecimento próprio de Homero.Quanta vaidade!Quanta ousadia!Afinal achava-se o máximo!Presidente de uma Rede de TV,divertia-se afirmando que só dizia o que pensava pra nós, Helena e eu, afinal éramos suas duas únicas amigas.No mais, nos editoriais e principalmente em ocasiões sociais e reuniões formais,Homero dizia o que politicamente correto seria adequado dizer.

Chegamos em casa.Nos jogamos no sofá.

Helena liga a tv e de imediato a chamada na CNN imanta nosso olhar:

- O presidente, da cidade natal e de trabalho de Homero acabava anunciar o fechamento da emissora.

Helena e eu olhamos uma para a outra, jogamos nossos corpos no sofá e caímos na gargalhada!!!!