DESTINO
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Oicram Somar
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Quando ela saiu de casa não sabia ainda que há 2 milhas de lá se escondia um carro por entre as árvores de um bosque distante. Que neste carro se encontrava Francisco da Silva e Margarida da Costa. Depois de cinco anos de namoro, algumas viagens juntos e centenas de presentes trocados, ali estavam duas pessoas que se amavam apaixonadamente. Margarida nunca se cansou de receber flores, poemas e juras de amor eterno de Francisco e este aumentara a sua biblioteca consideravelmente devido aos inúmeros livros que Margarida exigia em comprar toda semana para ele. Nunca brigaram por bobagens, apenas algumas discussões onde Francisco reclamava dos maus hábitos alimentares de sua garota, e ela sorria, e dizia que ia melhorar, e realmente passou a se alimentar melhor. Margarida, sempre preocupada com Francisco, não lhe deixava faltar os estímulos necessários que ele precisava para terminar seus projetos, sempre complexos e trabalhosos. Francisco sempre despreocupado com a vida passou a trabalhar em uma editora, e Margarida recém formada em psicologia já estava com um bom emprego em uma clínica famosa da cidade. O clima entre os dois era de harmonia e segurança no futuro, pois além de serem dois jovens inteligentes e sensíveis, ambos se amparavam nas dificuldades do dia-a-dia e se fortaleciam cada vez mais. Mas a vida não tem roteiro certo, e cada dia é uma surpresa. Maria conheceu Margarida através de amigos em comum e ficaram amigas. Quando Maria viu Francisco pela primeira vez e Francisco viu Maria, uma paixão avassaladora tomou conta dos dois. Em dois meses já faziam planos para morarem juntos, se casarem e terem filhos. Francisco, atordoado com tudo aquilo, mas sabendo que seu grande amor era Maria, contou a Margarida sobre a sua situação, dizendo que a amava muito de todo coração, mas não para passar o resto da vida com ela. Heroicamente Margarida entendeu tudo, pois acreditava na sinceridade de Francisco, e não duvidava do caráter de seu amor. Francisco diante de tanto respeito e compreensão passou a admirar ainda mais Margarida. Ambos conheciam as ciladas do coração. Maria em sua casa, naquela noite onde ela sabia que Francisco ia conversar com Margarida, pedia a Deus e orava pela compreensão de sua amiga e pelo seu perdão, mas não podia deixar de amar Francisco. Quando Francisco saiu com o carro do meio das árvores e pegou a estrada de volta à cidade depois de contar tudo a Margarida e depois de muito sofrimento, Maria caminhava na praça de madrugada, sem sono, anestesiada pelos calmantes. Francisco atordoado diante do sofrimento de quem lhe dera tanta atenção e amor nos últimos cinco anos, não viu, ou não viu direito o vulto de uma mulher cambaleante atravessando a rua de madrugada. Ouviu um barulho e um baque surdo. Francisco parou o carro e desceu com Margarida. No chão, Maria, com um olhar de paixão e um pedido de perdão. |