AS HORAS PASSAM...
Adriana Vieira Bastos
 
 

Os ponteiros do relógio avançam, alheios ao meu desconforto.

O silêncio da noite a torna imensa, diante da minha impotência....

Os minutos transformam-se em horas, e as horas em eternidade.

A noite se alonga e perpetua com ela a minha ansiedade...

O que fazer?

Uma indigesta pergunta para uma resposta que insiste em não vir...

Caminho pela sala, tomo uma xícara de café preto fumegante, fumo um cigarro e desvio o olhar para a rua deserta.

Como um imã, sinto o piscar das estrelas me chamando.

A lua, nestas alturas, rainha manifesta no seu esplendor, me convida para uma instigante viagem...

Aceito o desafio ... Não sei aonde vou... Mas sinto o desejo de voar ...

Não há mais relógio. Não há mais o tique-taque a me perseguir... Não há mais o tempo pra se contar...

Quando dou por mim, sinto a manhã ensaiar os primeiros passos e os raios de sol surgirem mansos e despreocupadamente para acalentar o dia...

Com uma onda de serenidade captada no ar, preparo-me para seguir em frente, levando comigo a leve impressão de que soube intensamente a noite aproveitar ...