MAIS
UM DIA
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Teresa
Maria de Magalhães Araújo
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"A
esperança é um bom desjejum"(...)
Grandes são os desertos e tudo é deserto. Pela primeira, vez um amor. Denso. Tenso. Um moço de olhar fugidio, pele cheirando a mel. Hálito de hortelã. Ela escapava dos redundantes desafazeres, quando ele chegava. Sonhava diferente, ria diferente. Brilhava. Tinha seu quinhão de felicidade. Manoel, nome tão simples, abraçava-se a ele e tudo se transformava em música suave. Casa ruidosa, flores no aparador. Arre! Depois do torpor, o oco inefável. Parecia-lhe que nunca mais. Tenho que arrumar a mala de ser. Rastejava pela escuridez, sem força para recomeçar a lida dos dias comuns. Chronos devorando a juventude e a intrepidez da espera. Não vou conseguir me levantar, enfrentar o trânsito e as pessoas barulhentas. Tremia. Inverno, em outra desvez. Todavia, o despertador tocava na manhã da segunda-feira. Já são seis horas, mas é noite ainda. Taquicardia, sudorese. Ligava o comutador. Roupas pelo chão, pilha de livros na cabeceira da cama, o telefone fora do gancho, cinzeiro repleto de tocos de cigarro. A bolsa tombada esparramara moedas, batom, cartões de crédito. Com esforço, ia até o banheiro. No espelho, olheiras profundas. Esquálida. Em meus momentos escuros em que em mim não há ninguém.
Vou definitivamente arrumar a mala. Rubro batom, salto alto. Transfigurada, saía sorrindo. No carro, o rádio tocava All right. |
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