AGUARDENTE DA BOA!
Umberto Gonçalves
 
 

Vocês sabem, ANJOS DE PRATA é minha cachaça. Logo que aparece um novo tema, assim que dá tempo, corro para escrever algo.

Tema novo: AGUARDENTE

Ah, esse tema é fácil! Abri o word e... Nada. Olhei, olhei... Papel em branco e... Nada. A campanhia da porta tocou. Era o Fred. Ele entrou sorrindo da pintura do cabelo do Samir. O Samir ficou parado na porta. Olhei para ele e não agüentei. Caí na risada.

- Mas Beto, você já viu coisa mais sem jeito? Ele pintou o cabelo tão preto que ficou horrível.

- Ora Fred, não é bem assim. Até que não tá tão feio assim.

- Até você? Finge-se de amigo, mas... Por trás...

Somente a cara do Samir já foi mais engraçada que qualquer comédia. Não dava pra olhar pra ele sem sorrir.

- Mas eu já falei com a moça. Ela me ensinou que vou lavando lá com um produto e vai ficando mais claro.

- Isso é coisa de “véio” transviado. (afirmou Fred, morrendo de rir)

- Tá ruim, mas não é isso tudo. Mas vocês desceram aqui somente pra mostrar o rejuvenescimento do Samir?

- Tanranran!!!!

O Fred, ainda sorridente, desembrulhou uma garrafa de pinga. Levantou como um troféu.

- Aguardente da boa! E olha que ainda é tampa de curtiça.

- Qual é a marca?

- Ah, Beto, e eu lembro... Faz muito tempo que o rótulo se acabou. Isso foi antes de meu casamento.

- E isso faz tempo, viu Beto!

- Imagino. Mas é só pra mostrar ou vai fazer uma presença?

- Fazer uma presença, amigo.

Abriu até com certo sacrifício, pois a tampa estava enferrujada e quase caiu dentro da garrafa.

Resolvido o problema da tampa, a aguardente foi servida com todas as formalidades. Era, de fato, um líquido dos deuses!

- Mas tomar uma cachaça, por melhor que seja como essa, pede um tira gosto, né?

- É que aqui no flat só tenho bolacha...

- Mas cadê aquele saquinho de amendoim?

- O Luiz esteve aqui e comeu tudo. Ainda me tomou duas cervejas. E nesse frio todo!

- Se vocês quiserem, ainda tenho um resto de quibe frito. O que acham?

- Quibe é bom. Mas, se tiver também um arrozinho...

- Quer virar festa?

- Não, Cabelos Lindos, mas dá pra gente jantar, né, Beto.

- Claro, Cab...

- É a puta que pariu!

- Tá legal. A gente não chama você de Cabelos Lindos, mas você vai buscar o quibe e arroz. Eu faço uma saladinha.

Foi assim que Cabelos Lindos, quer dizer Samir, trouxe o quibe e o arroz. Nós fizemos uma salada de tomate e cebola (era tudo que tínhamos da geladeira).

Pronto o banquete, comemos o quibe do Samir e metade da aguardente do Fred. O resto ficou para o domingo, depois da corrida, na beira da piscina. Era uma aguardente de primeira mesmo. Pena que não descobrimos a marca para procurar outra garrafa. Estamos em busca de uma pinga tão boa quanto aquela, para nossa especial degustação. Quem tiver ou souber, nos avise.