NÃO EXISTE A PRIMEIRA VEZ...
Mairy Sarmanho
 
 

Não existe a verdade da primeira vez. A primeira vez é, na realidade, a miléssima vez em que nos encontramos com aquela pessoa, naquele instante, naquele tempo. Não existe espaço temporal, a força que move o universo nos mantém presos num fluxo constante de ir e vir, onde todos os atos são meras repetições do passado. Até que, vez por outra, alguém consegue romper o ciclo.

O ciclo que nos prende nesse tempo só é rompido com a evolução. Mas, como evoluir, realmente? Rezar de joelhos diante de algum santo, padre, pastor, papa? Isso nos libertará? Alguém consegue, em sã consciência, acreditar nessas tolices? O que nos liberta é a nossa verdade interior, aquele instante em que decidimos mudar e seguir em frente, perdoar ou esquecer, para poder nos libertarmos.

Enquanto isso não acontece, estamos algemados aos nossos medos, nossos anseios, nossos receios, nossa pobre e tola ignorância narcisista! Quantos seres perdem tempo precioso olhando para os lados, querendo ser admirados, buscando aplausos alheios! Isso é besteira, muita besteira... O único aplauso que devemos buscar é o nosso próprio, quando conseguimos vencer um obstáculo que nos prende a esse emaranhado de sentimentos.

Dizem os hinduístas que devemos fazer o necessário, aquilo que nos foi ordenado, para nos libertarmos...

Dizem os cristãos que devemos seguir as ordens de Deus a qualquer preço...

Dizem os maometanos que Deus está acima da nossa vontade...

No fundo, todos dizem a mesma coisa: a verdade nos libertará! Não a verdade dos outros, mas a única verdade real: a do Deus em nós.

Não existe a primeira vez mas podemos, ao menos, tentar que seja a última vez que passaremos pela aflição de estarmos vivos...

Não prometo nada a quem o conseguir, pois não o consegui, ainda...

Tomara que essa seja a última vez. Ao menos, estou tentando encontrar o Arquiteto para que ele não mais reconstrua a minha casa!!!