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PRIMEIRA VEZ DE UM MENINO DE 10 ANOS
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Dionisio
Teles
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Era um menino tímido. E, como quase todos os garotos de 10 anos de idade dos anos 60, ele nunca tinha feito àquilo com uma garota seria a primeira vez! Estava tão nervoso que suas mãos suavam - pareciam o cuscuzeiro da sua mãe após sair do fogão durante o café da manhã. A palpitação do coração imitava o repique da escola no ensaio da fanfarra acelerado, porém com cadência irregular . Era tímido! Também, era uma outra época se melhor ou pior do que a atual, não sei. Que era mais platônica que hoje em dia, isso sem dúvida era. A razão feminina para tanta ansiedade já estava vindo na direção do quase enfartado mancebo. Ela não andava! Bailava, num requebrado indolente, tendo como palco a calçada da rua onde morava. Trajava um vestido de chita, modesto e bem colorido, recheado com presumíveis anáguas engomadas por baixo. Era uma morena brejeira sem retoques cosméticos e de uma beleza nativa, daquela que deve ter enfeitiçado os primeiros colonizadores lusitanos. Notava-se claramente, que já havia comemorado muitos aniversários a mais que o rapazote. Ele postou-se no primeiro dos três degraus da escada que dava acesso a sua casa. Ela aproximou-se com um sorriso que parecia estar na face, antes mesmo de nascer. Estavam a poucos centímetros de distância, o que serviu para ele alimentar o seu olfato com o perfume da Alfazema recentemente aspergida naquela pele de pêssego novo. Agora, ele não poderia mais recuar! Tinha ensaiado para aquele momento por dias a fio até em frente ao espelho havia treinado. Que nenhum dos seus amigos soubesse disso ! A moça bonita, ainda em movimento, dirigiu seu olhar para o Romeu infanto-juvenil. Ele inspirou um pouco ar, talvez para não desmaiar, deu um sorriso amarelo e disparou com uma voz reclusa: - Psiu ! Você é linda. Eu gosto demais de você. Cumprida a missão, nem esperou resposta alguma. Deu de costas, e como se fosse o Almirante Nelson, após vencer a batalha de Trafalgar, adentrou rapidamente em casa com um sentimento expresso de vitória estampado na face imberbe, já pontuada por várias espinhas pré-adolescentes. Ela, por sua vez, gostou. Sorriu. E saiu com a certeza absoluta de que ainda ouviria, pelo menos mais uns 15 a 20 psius durante àquele dia era a sua média diária de galanteios. ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
- Aí mina? vai rolar? vamos ficar hoje? Tô a fim de te dar um cato! Existem, obviamente, mais algumas pérolas lingüísticas e líricas do mesmo quilate, porém ainda não tive tempo suficiente para decodificá-las. Por tudo já exposto, eu vou considerar perfeitamente compreensível e justificável se muitos dos que lerem esta narrativa acharem este texto insosso, saudosista e démodé. Acredito até, que alguns vão dizer : - Tá me tirando, mano ? Nóis é foda ! As vadias gosta é de dar uns dois, mané ! Se liga ! |