A
PRIMA DA MINHA MÃE
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Osvaldo Pastorelli
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Fugindo da praga do futebol fiquei girando os canais da tv a cabo quando deparei com Ziraldo explicando porque se chamava Ziraldo Alves Pinto para um bando de crianças que atentos ouviam as palavras do autor do Menino Maluquinho, que me fez lembrar de um fato acontecido com a prima da minha mãe. Essa prima da minha mãe, moça de seus dezessete anos, foi um dia ao banco fazer um serviço que o pai, fazendeiro meio analfabeto, só sabia escrever o nome, e os bancos naqueles idos em que se prendia cachorro com lingüiça não era como conhecemos hoje, moderno informatizado, cheio de parafernálias de informática, era do tempo que para se fazer um saque você recebia uma senha com um número e ficava horas e horas esperando o caixa te chamar e ela, a prima da minha mãe, foi retirar um pagamento de uma venda de gado que o pai fizera. Chegando ao balcão, explicou o que queria, o funcionário pediu o nome: - Alberto Schimit, disse ela. Dali a pouco o funcionário voltou e perguntou: - Como é mesmo o nome? Ela repetiu: - Alberto Schimit. Um tempo depois o funcionário retornou. - Tem certeza que é Alberto Schimit? - Tenho sim, confirmou a prima da minha mãe. Passados uns minutos mais longos o funcionário voltou. - Por acaso o seu pai não chama Alberto Schimit Pinto? A prima da minha mãe vermelha de vergonha, escondendo o olhar do olhar do funcionário, de cabeça baixa, quase balbuciando, respondeu: - Sim, é. O funcionário só teve que rir do acanhamento da prima da minha mãe murmurando: - Eta! Crocodilo que não sabe o nome do pai. |