A LUA E O UNICÓRNIO
Luísa Ataíde
 
 

"Estou consciente de que tudo que sei não posso dizer,
só sei pintando ou dizendo sílabas cegas de sentido"
Água Viva- Clarice Lispector

Escudo

Entre a casa e a rua em suave declive está o fosso em água escura. Nas noites mornas a luz clareada da lua sombreia o unicórnio sobre a colina. Ele olha a rua , a casa e o vento que move suavemente as folhas. A lanterna aponta inadvertidamente o azul escuro. Qual lobo rondando a planice, observa o mover da água escura.

Domínio

Sob o escuro das águas, observa o réptil o céu clareado de lua. Vê o animal e seu dorso branco. Solta escrementos adicionando-os à fetidez da água. Circula a casa, bebe o líquido que o cerca, suas lanternas apontam inadvertidamente o azul escuro.

Encontro

O animal sobre a colina, tece asas e sobrevoa o fosso. O réptil ergue o corpo e arreganha os dentes. O Unicórnio abre as asas e em suave compasso retorna à colina.

Espera.