DESABAFO
II
|
Gisa
Elle
|
Um dia amei o ar, pois era o ar que o cercava que me alimentava. Um dia amei o sol, pois era o seu calor que me aconchegava. Outro dia olhando e amando o mar, lá estava ele indo e vindo dentro de seus olhos, me despertando curiosidades e alimentando insanidades. Certo dia, tocando a terra fina, senti meus dedos correndo os fios de seus cabelos ... firmes ... Na passagem de um momento, sua ausência é permanente, mas é estranho, pois ainda sinto sua mente presa a mim. Uma pérola decadente, uma estrela incandescente, um amor ardente e eloqüente e uma saudade estridente. Tantos versos, tantas frases, nada significou ou soou com veemência em nossa relação. Acho até que jamais conseguiu perceber o abstrato que neles estavam aplicados, mas ainda hoje, quando as leio, choro por perceber que tudo aquilo nada mais eram do que meras consolidações de palavras. Quando digo que o meu prazer de escrever se decapitou é que o via como uma fonte de interminável inspiração, para mim era pura sensibilidade e percepção. Queria novamente amar o ar, amar o sol, admirar o mar e sentir a terra fina, para assim saciar meu egoísta coração. O sentimento nos mostra o quão belos somos e a maravilha que podemos ser, mas também desperta de forma inconsciente o que temos de pior, cada qual com sua intensidade, acorda da hibernação nosso aspecto egoísta, pois quando temos uma imagem da felicidade não queremos perdê-la e aí começamos a seguir o caminho que leva para a loucura ou até mesmo para o apelo emocional. Carência, falta, saudade, termos que andam juntos, um é conseqüência do outro e assim conseguem desencadear a falta de apego por nós mesmos. Todas as saídas estão aparentes, mas não queremos as utilizar, apenas temos ansiedade por saber qual a melhor maneira para a auto flagelação, um passo é o suficiente para que o abismo nos devore, e aí chegou a hora do sino badalar, mas assim como muitos, me tornei surda e continuo aguardando, pois acredito que existe um fio de nylon que ainda me prende à razão da felicidade na vida de alguém... |