OS PARANORMAIS: EU LHE DOU A MINHA VIDA!
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

(...)

Amar o transitório é amar a vida! E, amar a vida é ser imortal! Afinal, o amor é o alicerce e a fonte de energia de tudo! Só o amor é capaz de nos dar energia, só o amor é capaz de nos trazer a vitória e, é por isso que o amor é essencial àqueles chamados de: OS PARANORMAIS!
A luta entre Caio e Daniela se desenrolava. Daniela tentava, de todas as formas, vencer seu adversário. Contudo, Caio continuava resistindo. Então, inesperadamente, a capa de energia _ a qual se localizava em volta do corpo de Daniela _ começou a se desfazer. Daniela decidiu lançar a capa em Caio, usando-a, portanto, para o ataque. Por sua vez, Caio decidiu absorver o ataque e mandá-lo de volta, mas... Será que ele vai conseguir? Que fim terá esse duelo?
_ [Ira Máxima!]
Daniela jogou a grande e pesada massa de energia que segurava contra Caio. Ele foi duramente atingido. Contudo, não perdeu energia vital. Seu corpo absorvia toda a energia lançada por sua rival. Quando o ataque terminou, Caio juntou as duas mãos, entrelaçando os dedos. Uma bola de energia se formou dentro das mãos do garoto. A bola era densa, densa demais! Por fora, havia uma espessa casca de energia e, por dentro, uma grande quantia de pó (dentro de cada grão de pó existia uma grande quantidade de energia). Daniela não acreditava! Como aquilo era possível? Assim como, obviamente, Daniela não viu quando Caio (o qual estava congelado, dentro da Estátua de Gelo) se materializou na frente dela, libertando-se do gelo, ela, logicamente, também não via o que acontecia agora; contudo, assim como ela sentiu a energia de Caio, sentiu que o ataque dela não adiantara e se assustou com isso, agora ela também sentia o que acontecia e, assustava-se. O que o garoto pretendia fazer? Caio falou:
_ Daniela, eu vou fazer você sentir todo o seu ódio! E, com isso, cumprirei a promessa que fiz! Prepare-se! Isso não vai ser fácil pra você!
Então, as mãos de Caio foram envoltas por uma enorme quantidade de pó (como antes, dentro de cada grão daquele pó, havia uma quantidade enorme de energia). Depois, o menino lançou as mãos para frente, mantendo os dedos entrelaçados, mas, jogando as palmas das mãos para frente e, conseqüentemente, lançando a bola de energia contra Daniela. Ao fazer isso, ele invocou o ataque:
_ [Pó de energia!]
Daniela foi duramente atingida. A bola acertou-lhe o peito e explodiu. Vários grãos de pó grudavam no peito da menina e, quando explodiam, liberavam aquela quantidade imensa de energia, liberavam parte do ódio da garota, parte daquela pesada capa! Incrível! Daniela sentia, ah, como era pesada aquela energia, como era dura, compacta, fria e cheia de ódio! Ah, que horrível! A garota jamais imaginou que carregava aquilo em volta do corpo! Aquilo era pesado, duro, aquilo era... Desumano! Daniela sentia dor, muita dor! Cada grão daquele pó que explodia lhe causava mais e mais dor, mostrava a ela o quão terrível era seu ódio! Sim, o ódio dela era grande demais, duro demais, pesado demais! Por que ela guardava aquilo? Será que Caio estava certo? Será que ela tinha tanto medo assim para se esconder detrás daquela capa horrenda? Daniela foi duramente atingida e jogada violentamente no chão por aquele ataque! A Energia Vital da menina ficou em 10%. O Narrador narrava:
_ E... Vejam! Daniela lançou aquele ataque horrível! Será o fim de Caio? Oh, não! Caio absorveu o ataque! Incrível! Sensacional! Fantástico! E... Olhem lá! Caio está preparando um ataque especial... Vejam! Ah, sim! Ele vai mandar de volta o ataque que recebeu! Olhem! Olhem! Vejam! Excepcional! Daniela foi atingida em cheio! E ela foi jogada no chão brutalmente! Incrível! Caio é demais! Agora eles estão empatados! E aí, Comentarista, quem vence esse combate?
_ Bem, Narrador, na minha opinião, Caio vencerá. É como eu disse no início da transmissão... Quem mudasse o estilo do outro venceria... E, Caio enganou Daniela, fez ela mudar seu estilo. Ele me surpreendeu de verdade: eu não sabia que o garoto também era estrategista. Pra mim, Narrador, Caio vence!
_ É, é isso aí! Vamos ver, então! Ah, vejam... Daniela se levantou. O combate vai continuar! Esta é, sem dúvida, a melhor luta de todo o torneio!
Daniela estava ali, caída, no chão. Ela se sentia um lixo! Como pôde guardar tanto ódio? Seu irmão não gostaria nada de saber disso... Ah, será que ele a tinha visto daquele jeito? Ah, não, não podia! Daniela torcia para que não! Ela se lembrava: _ “Se o seu irmão a encontrasse, ele a reconheceria?”... Ah, Daniela torcia para que não a reconhecesse... Ela sentia vergonha, vergonha de ter carregado tanto ódio e... O pior.... Por nada! Ora! É verdade que ela foi separada do irmão, mas... Caio passou por uma situação semelhante e, não carregava tanto ódio assim! Pelo contrário! Ele parecia se divertir nos combates, parecia tentar sorrir sempre! Sim, Daniela era uma idiota!
Aqueles pensamentos foram se dissipando... A menina se sentia leve, ela se sentia capaz de voar! Ah, ela tinha vontade de se levantar e lutar, mas lutar não do jeito como fazia antes... Ela queria se divertir na luta, como Caio fazia! Ela queria ser ágio, queria voar! Daniela decidiu levantar-se e, para seu espanto, fez isso com uma facilidade incrível! É, aquela capa pesava mesmo! Caio tinha razão. A garota se levantou. Ela se sentia feliz, muitíssimo feliz!
Daniela disse:
_ Caio, agora vou lutar com você de igual para igual! Agora você não vai me vencer!
_ Ah, eu esperei tanto por isso! _ Caio respondeu.
_ Então, vamos lá!
Os dois flutuaram no chão. Eles lançavam bolas de energia um contra o outro numa velocidade impressionante! Contudo, agora, a velocidade deles era idêntica e, dessa forma, as bolas se chocavam no ar e, nenhum dos dois eram atingidos. Incrível! O Narrador contava:
_ Incrível! A batalha continua e agora os dois estão lutando melhor do que antes! Nem parece que o combate está chegando no final! Vejam! Que categoria! Que energia! Que poder! Que velocidade! Eu não consigo acompanhar os movimentos deles! Fantástico! Que luta, minha gente!
Eles continuavam na mesma e Daniela, pela primeira vez, divertia-se em uma luta. Ah, como era bom! Como era bom sorrir, divertir-se! Como era bom, apesar dos problemas, ser feliz! Por que ela não fez isso há mais tempo? Nesse momento, a menina teve uma idéia. Ela lançou no ar seu ataque especial:
_ [Energel!]
O ar ficou denso e pesado; Daniela já estava acostumada com aquilo, mas, Caio não. Sendo assim, a velocidade dela não se alterou, mas, Caio ficou mais lento. Então, ela lançou:
_ [Onda de pedras!]
Caio foi atingido e sua energia vital ficou em 5%. Todavia, ele não foi ao chão e, rapidamente, lançou no ar:
_ [Força e energia!]
Novamente o ar voltou ao normal. Daniela disse:
_ Você não poderá me atingir, Caio. Agora nós temos a mesma velocidade!
_ Não, Daniela, você não prestou atenção no meu último combate. Agora nós temos a mesma velocidade, mas, eu posso dar um jeito nisso...
_ Como?
_ Assim: [Energia em velocidade!]
Caio transformou energia em velocidade e, ficou bem mais rápido que a garota. Em seguida, lançou:
_ [Bomba de energia!]
Daniela foi atingida e a energia vital dela ficou em 5%.
Os dois voltaram ao chão, de pé. O narrador narrava:
_ Incrível! Que luta, minha gente, que luta! Os dois agora têm a mesma velocidade e lançam bolas de energia um contra o outro! E, as bolas se chocam no ar! Incrível! Olha lá... Daniela lançou um ataque especial, mas... No ar? O que ela pretende? Ah! Olhem! O ar ficou denso! E, isso parece ter afetado Caio! Agora Daniela é mais rápida! Ah, não! Vejam! Ela lançou aquele ataque... Aquela onda de pedras! E, Caio foi atingido! Mas... Vejam! O garoto é bom mesmo! Ele nem sentiu o ataque! Ele agora lançou um dos seus ataques no ar e fez o ar voltar ao normal! Fantástico! Que lutador talentoso, minha gente! Agora eles continuam lançando bolas de energia um no outro... A velocidade deles voltou a ser a mesma, mas... Ah! Caio está mais rápido! Daniela não o acompanha mais! Nossa! Ele atingiu a garota! Foi uma bomba de energia! Incrível! Mas, a menina não caiu... Os dois voltaram ao chão agora! E a energia vital dos dois está em cinco por cento! Está tudo empatado! Agora os dois estão em pé, ali, parados. Parece que o momento final chegou... Parece que o próximo ataque vai definir o vencedor. E aí, Comentarista?
_ Esta é uma luta fantástica, Narrador! Mas, eu continuo achando que Caio vencerá. O que eu não sei é se eles vão sair vivos dessa...
_ É, este vai ser o momento decisivo! De olho neles, minha gente!
Caio e Daniela estavam ali, parados. Nenhum dos dois tinha coragem de atacar, porque sabiam que seria o último ataque e, sabiam também que era bastante arriscado.
Caio baixou a guarda: ele não queria continuar... Não precisava! Para que continuaria com aquela luta sem sentido? Por que tinha de terminar? Não, ele não queria! Era arriscado demais e, nenhum sonho vale a morte de um inocente!
Daniela percebeu isso. Ela perguntou:
_ Você não quer continuar este combate, Caio?
_ Não! Nós não precisamos terminar isso! É arriscado demais!
Daniela baixou a guarda também. A verdade era que ela também não queria continuar aquela luta. Afinal... Para que continuaria? Se ela vencesse, o que ganharia? Nada! O prêmio não importava! E, nenhum sonho vale a morte de um inocente! Ah, tudo o que Daniela queria era parar com aquilo tudo!
_ Bem... A verdade é que eu também não quero continuar, Caio.
No entanto, Daniela percebeu o público... Aquele enorme público... Ah, não! Eles precisavam terminar o combate, precisavam mesmo, por aquele público! Ela falou:
_ Caio... Olha... Infelizmente, nós precisamos terminar esta luta.
_ E... Por quê?
_ Você não sente, Caio? Você não sente o público? Eles pagaram pela luta e... Querem um final! E, Caio, eles merecem!
_ Eles terão um final... A minha desistência.
_ Não! Você está louco? Se fizer isso, será o mais odiado de todos os tempos! E... Bem, nossa imagem... Digo... A imagem do torneio e de todos os que participam dele... Vai ficar horrível!
_ E... Você se preocupa com isso? Eu não!
_ Caio... Eu não preciso me preocupar com isso, porque minha imagem já é horrível mesmo. Mas... Você? Você precisa sim se preocupar! É o mais querido dentre os participantes! Você precisa manter isso! Afinal... Não quer encontrar sua irmã? O que ela pensaria se visse você desistindo?
Sim, Daniela conseguiu tocar no ponto certo. Caio considerou a proposta, mas, não se mexeu. Ele não desistiu, mas também não fez nada. Daniela disse:
_ Nós temos que correr o risco, temos que terminar este combate!
_ É... Parece que sim. _ Caio falou, desanimado.
Daniela sabia que ele não tomaria atitude nenhuma. Então, ela juntou uma enorme quantidade de energia e jogou na direção de Caio. Aquele seria o último ataque. Caio, então, fez o que Daniela esperava: tomou uma atitude. Ele decidiu lutar. Caio saltou do chão e voou. Ele disse, antes de começar o que seria o último ataque:
_ Boa sorte!
_ Pra você também! E, que vença o melhor!
_ Sim, que vença o melhor!
Caio voou. Ele subia... Subia... Ele foi para o alto, para bem alto. Daniela sabia que ele faria um ataque por cima. Então, ela se preparou. Agora era a hora. O narrador narrava:
_ E finalmente eles vão para a parte final, galera! Daniela lançou uma grande quantidade de energia em Caio, mas, ele voou... Voou para bem alto! Olhem lá! É como uma estrela no Céu! Vai ser agora, gente! Agora será o final! Quem vencerá?
Caio desceu... Ele veio veloz... Daniela estava pronta: ela lançaria seu golpe para o alto, na hora em que Caio estivesse perto. Caio preparou um ataque... Ele não queria machucar a adversária, queria apenas fazer com que ela ficasse inconsciente por uns dez minutos (já seria suficiente). Então, decidiu usar um ataque especial diferente. Ele descia... E, quando chegou próximo da cabeça de Daniela, lançou:
_ [Energia Suprema!]
Nesse exato momento, Daniela lançou:
_ [Pedra de Cristal!]
O ataque de Daniela acertou a mão direita de Caio, abrindo mais o ferimento que lá havia e fazendo com que a mão de Caio sangrasse. O ataque de Caio foi certeiro, jogou Daniela no chão e a deixou inconsciente. O que ninguém imaginava era que os ataques agiram de forma inesperada... Foram piores do que o esperado! Caio caiu de pé na arena. Ele se sentia extremamente fraco, mas, precisava ficar de pé. Sua mão sangrava... O narrador narrava:
_ E vejam só! Caio está descendo rapidamente! Ele vai atacar e... Olhem! Caio lançou seu ataque na cabeça de Daniela! Mas, ela também o atacou! Incrível! Daniela está no chão e Caio ainda está de pé! O juiz vai abrir a contagem!
O juiz abriu a contagem:
_ Um... Dois... Três... Quatro... Cinco...
Ah, se Daniela se levantasse... Caio não tinha condições de fazer mais nada! O juiz continuou:
_ Seis... Sete... Oito... Nove... E...
Ah, será que Caio teria vencido?
_ Dez!
Sim, agora era oficial! Caio venceu! O juiz falou:
_ Fim de combate: vitória de Caio!
O narrador festejou:
_ E é isso aí, minha gente! É fim de luta! Caio ganhou! E aí, Comentarista?
_ É, ele ganhou. Mas... Olha lá, Narrador! A energia vital dele está baixa demais! Ela está em... Um por cento!
_ Nossa! É mesmo! Eu não tinha visto isso! E... Vejam! Vejam! A energia vital de Daniela está em meio por cento! Ela corre sério risco de morrer!
O alvoroço foi feito. Uma enorme equipe de médicos entrou na arena para levar Daniela. Caio desceu e foi cumprimentado por Leandro:
_ Parabéns, cara! Você venceu!
Quando pegou na mão de Caio para cumprimentá-lo, Leandro percebeu que Caio estava sangrando. Ele gritou:
_ Rápido! Um médico, por favor! Preciso de um médico! Caio está perdendo muito sangue! Rápido!
_ Não, Leandro, não quero médico nenhum! _ Caio disse.
_ Você está louco?
_ Não, eu preciso ajudar Daniela.
_ Como? Você não está em condições!
_ Ela não vai sobreviver com meio por cento de energia vital, Leandro e, só eu posso ajudar!
_ Não mesmo! Só passando por cima do meu cadáver!
_ Bem, se é assim... [Pontes de Hidrogênio!]
Caio usou seu cristal e criou uma espécie de corda que imobilizou Leandro. Leandro gritou:
_ Detenham-no! Detenham-no! Ele está ferido!
Uma equipe de médicos tentou deter Caio, mas, todos os médicos foram jogados no chão pelo paranormal. Ele se aproximou da equipe que levava Daniela e os parou com seu ataque especial:
_ [Pontes de Hidrogênio!]
_ O que você pretende fazer? _ Um médico perguntou. _ Vai matá-la?
O narrador narrava:
_ Vejam! Caio está perdendo sangue! E... Olhem! Olhem! Ele prendeu o amigo e jogou a equipe de médicos no chão! O que é isso? Ele está indo na direção da equipe de médicos que está levando Daniela! Não! Eu não acredito! Ele parou a equipe e se aproximou da maca! Mas... O que ele vai fazer? Ficou louco? A energia vital de Daniela está em meio por cento! O que ele vai fazer?
Caio se aproximou da maca. Ah, agora ele estava ali, perto da menina! Agora ele poderia ajudar! Caio não sabia por que fazia aquilo, mas, sabia que era o certo, sabia que devia salvar a vida de Daniela, mesmo que isso custasse a vida dele! Ah, aquela garota... Tão inocente... Tão frágil... Não, ela não poderia morrer!
Caio se lembrou do treinamento com Melissa. A mestra dissera:
_ Caio, infelizmente, desde que você chegou aqui, eu só lhe ensinei como destruir o inimigo, como destruir vidas. Agora, vou ensiná-lo como salvar vidas. Bem, são poucos os paranormais que conseguem salvar vidas e, salvar vidas é necessário! O ataque que vou lhe ensinar é ótimo! Ele transfere energia vital sua para a pessoa que você escolher. Isso salva a vida da pessoa... Bem, se você estiver com noventa por cento de energia vital e a pessoa com meio por cento, se você transferir dez por cento da sua energia vital para a pessoa, a pessoa viverá, pois ficará com dez e meio por cento de energia vital e, você não sofrerá nada, já que ficará, ainda, com oitenta por cento. Bem, só lhe dou dois conselhos: o primeiro é... Sempre que for fazer isso, faça com amor! Sem amor, seu sacrifício pode ser inútil; mas, se você fizer com amor, certamente a pessoa se salvará. O segundo conselho é... Não use isso se sua energia vital estiver baixa; afinal, você estará transferindo sua energia vital para alguém, o que significa que sua energia vital diminuirá e, se ela já estiver baixa, você poderá morrer.
Caio pensou:
_ “Ah, mestra, perdoe-me! Sei que eu não devia fazer isso, não nesse estado, mas... Eu preciso! Preciso salvar a vida de Daniela! Sei que vou morrer, porque vou ficar com pouquíssima energia vital e, ainda, estou perdendo muito sangue. Mas, pelo menos, Daniela se salvará. Ah, sim, eu a salvarei!”
Caio pegou a mão da menina. Em seguida, concentrou-se. Ele se lembrava: _ “Se fizer isso, faça com amor! Faça com amor! Faça com amor!”. Ah, sim, ele fazia com amor, muito amor! Antes de lançar o ataque especial, Caio disse, baixinho:
_ Daniela, eu lhe dou a minha vida!
Depois, lançou:
_ [Transferência vital!]
O narrador contou:
_ Ele a atacou! Ela vai morrer! Ah, não! Olhem... Espera... A energia vital de Daniela está aumentando! De alguma forma, Caio está salvando a menina! Como ele faz isso? Ah... Vejam! A energia vital dela está agora em um por cento! Daniela sobreviverá!
_ Espera, Narrador... Olha a energia vital do garoto... Ela está em meio por cento! Acho que ele transferiu energia vital dele pra menina!
_ É mesmo, Comentarista! Mas, vejam! Agora Caio está à beira da morte! E ele caiu no chão! Oh, não! Ele salvou a vida de Daniela, mas... Não sobreviverá! Leandro está se movendo novamente... Eu acho que o que o prendia parou... Caio deve estar inconsciente! Nossa! A equipe de médicos está correndo pra onde ele está! Vão levá-lo para o hospital, agora. E, mais informações, vocês terão durante nossa programação. É com imenso pesar que me despeço. Até a próxima transmissão e... Torço pela vida de Caio! Ele é um garoto nobre, corajoso e merecedor da vida!
A equipe de médicos levou Caio para o hospital. Daniela também foi levada, porque ainda estava inconsciente. Caio perdia energia vital a cada minuto. A energia vital dele já estava em 0,1%, quando, finalmente, o médico conseguiu estancar o sangramento. Nesse momento, Zenildo entrou na sala onde o médico estava e disse:
_ Você é o melhor médico do mundo, não é?
_ Sim, sou. _ O médico respondeu.
Zenildo se lembrava... Ah, ele estava se lembrando... De quando Caio era pequeno e vivia no orfanato com ele... Ah, Caio sempre foi um bom garoto, sempre dedicado à irmã! Ele sempre ajudava a irmãzinha, sempre tentava evitar que a menina sofresse! Zenildo se lembrou de um dia em que os dois andavam de carrinho... Um carrinho daqueles que tinham um volante e umas rodas... Tipo bicicleta, só que tinha mais rodas... Bem, os dois brincavam, quando Daniela caiu. Caio a ajudou, levantou-a do chão e cuidou dela, cuidou do ferimento dela. Ah, desde pequeno ele era assim! E, agora, novamente, ele salvou a irmã, deu sua vida por ela! Zenildo via e revia a cena em sua memória... Caio havia dado a vida pela irmã, mesmo sem saber que era a irmã! Sim, Caio era um bom garoto!
Zenildo acordou de seus devaneios e falou, ríspido, em tom de ameaça:
_ Doutor, ou você salva a vida de Caio, ou eu vou acabar com a sua carreira de médico!
Será que Caio se salvará? E... Por que tanto interesse de Zenildo na salvação de Caio?

(continua)