EFÊMERIDADE
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Adão
Jorge dos Santos
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Um dia ela me perguntou se eu a amava. Eu respondi que sim, que a amava. Ela insistiu; _Você me ama mesmo? _Claro que te amo! _De verdade? _De verdade! _Você esta falando sério? _Sim! Eu estou falando sério. _É que eu não acredito que você me ame de verdade. _Como assim? Eu te amo de verdade! _Não tanto quanto eu gostaria que me amasse. _Mas eu te amo! Isto é incontestável. Indiscutível. _Eu sei disto. Mas e as outras? _Que outras? _As outras que você diz que amou! _Aquelas outras? _É, aquelas outras. _Ora, aquelas é passado, você é o presente. É você quem eu amo agora. _É isto que me preocupa. Será que você vai me amar amanhã, ou eu vou ser mais uma em sua vida. _Gostaria que você se preocupasse menos com o amanhã e que vivesse mais o aqui e agora. _Mas como é que eu posso viver o presente sem saber se haverá amanhã para o nosso amor. Eu quero alguma garantia de que não serei um amor transitório, algo descartável que você usa e joga fora. _Eu garanto que te amarei hoje como se fosse o último dia de nossas vidas, te levarei a loucura e de darei tanto prazer que será capaz de se sentir nas alturas, tanto que perderá o sentido da razão, não saberá o que é certo e o que é errado, a única coisa que saberá com certeza é de que eu sou o homem que te fará feliz e que nunca mais me esquecerá. A verdade é que tudo nesta vida passa. Passa gente, passa bicho, passa a lua no céu, passa um pássaro voando, passa o beijo que eu lhe dei, passa o amor que nos vivemos, passa os amores transitórios, só não passa a saudade dos amores mal vividos. MAIS VALE UM AMOR TRANSITÓRIO DE QUE UM AMOR IMAGINADO. |