LEMBRANÇAS
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Afonso
José Santana
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Ele
olhava para o semblante dela e não tirava os olhos. Tinha certeza
que a conhecia. Em algum momento ela fitou-lhe os olhos assustando-se
pois ele não tirava os olhos dela. De repente ele voltava à
realidade e a percebia olhando-o com perguntas e logo ele ficava constrangido,
virando os olhos para outro lado para desviar a atenção
com um quadro novo que estava em exposição naquele salão.
Ficava encabulado. Lembrava-se vagamente, mas lembrava. Quando foi???...
Quando foi???... e num estalar de dedos lembrou-se: não seria
a doce Mariana? Mariana... sim, poderia ser. Como não ?!? em
novos momentos via-se olhando para ela que agora o descobrira também
como que querendo reconhecê-lo. Pareciam dois seres agora querendo
descobrir algo do passado. De repente ela agora é que ficava
encabulada pois parecia viajar e voltar ao momento atual,e, voltando,
percebia-se sendo olhada por ele. Os dois agora encabulados. Pareciam
se reconhecer. Ele já tinha em mente que reconhecera Mariana.
A doce Mariana. Ele a amara em segredo quando na adolescência.
Ninguém jamais soubera. Seria ela mesmo? E se... não!
Não seria tão estúpido a ponto de perguntar, mas...
ele estava vendo Mariana à sua frente!! Ou seria um sonho !?
o jeito de andar... o jeito de olhar... o modo como mexe os cabelos...
tem que ser ela!! Os dedos... será que tem alguma aliança??
Não conseguia ver. A vista já cansada não conseguia
distinguir algo tão longe. Ah, mas o rosto conseguira reconhecer.
Como não reconheceria a sua amada?! Ela estava olhando para ele
de novo como querendo perguntar algo. Desviava o rosto depois, constrangida
para a exposição. Uma moça vem até aquela
senhora já de cabelos brancos. Elas sorriem uma para a outra.
Ah, o momento que poderia ter para conhecê-la pessoalmente de
repente desapareceu! Como chegar a uma senhora e fazer a fatídica
pergunta: por acaso você não seria Mariana? Que pergunta
besta! Sem nexo! Afinal o que ela não pensaria de um velho como
aquele indo na sua direção e fazendo tal pergunta? Ainda
mais agora que ela estava acompanhada! Poderia ser sua filha... ou neta!!
Sentiu um nó na garganta. A única chance e de repente
tudo poderia desaparecer. Ele a seguia com os olhos enquanto ela caminhava
com a sua acompanhante. De vez em quando ela olhava para trás
parecendo mostrar lembranças àquele velho, nem dando mais
importância à exposição de quadros à
sua frente. Ou seria impressão dele? Não! Tinha certeza
era a sua amada. E estava partindo. Partindo do jeito que chegou. Os
dois na incerteza. Ela ia desaparecendo da sua vista parando e olhando
para trás. Até a sua acompanhante ficou intrigada. A velha
senhora apontou na direção dele falando algo para a moça.
E logo em seguida elas desapareciam por entre a multidão. O nó
na garganta transformara-se num turbilhão de lembranças.
Lembranças da sua amada. Talvez fosse melhor mesmo nem ter perguntado
nada. Preferiu acreditar que a tinha reencontrado. E da mesma maneira
que apareceu na sua adolescência agora fora embora. Sem que ela
tomasse consciência que ele a amara. E amara muito.
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