LÁBIOS DE GARRAFA
Tatiana Alves
 
 

Sorve feroz a bebida
Repassando, em sua mente,
Cada ato de sua vida
Cada gesto eloqüente

Era então um inocente
E ela surge, tão ingrata,
Trazendo uma boca ardente
Com um beijo que arrebata

Abandona-o ao relento
Numa incessante tortura
Ele bebe o sentimento
Em cálices de amargura

E com hálito ‘inda quente
Blasfema o nome da amada
Ao sabor da aguardente
Embriaga-se com o Nada

Na bebida esquece as mágoas
Da garrafa sente os lábios
O amor, em suas águas,
Afoga o mais nobre dos sábios