CAVERNA DO DRAGÃO - A REPÚBLICA POPSTAR
Dam Nascimento
 
 

E por falar em lábios de garrafa...

Em uma rua tranqüila da pacata Caçapava existia uma casa incomum, a casa 35. No começo era só um lar, mas os vizinhos sentiam mudanças. Acho que foi uma espécie de premonição e eles chegaram: O homem do rádio, Cupim de ferro, Mamãe, Gago, São Jorge e outros exorcistas. A rua nunca mais foi à mesma. Que magia, veneno, encanto ou catimbó tinha lá, não sei; mas, todos paravam ali. Era festa todo dia. Uma vez perguntei o motivo para comemorar e me disseram: Ter força para erguer o copo. Segundo Cupim de ferro, a Caverna do Dragão como a república era chamada, era uma casa de eventos com aperitivos alcoólicos e a possibilidade de amor livre e selvagem.

A cada festa a caverna e os promoters melhoravam. O homem do rádio e o seu telefone de créditos ilimitados cadastravam as meninas. Da última vez já havia cinco categorias. Eram elas: Caridosas, Dragonetes, Derruba Taco, Sai de mim e Monstro. Gente boa, gente louca, carne na brasa, cerva gelada, caipirinha adoçada e lapada na rachada; pelo menos era o que dizia a música.

O que mais gosto neles são as modas lançadas. Agora todo mundo na empresa adotou óculos escuros, Colírio Lerin e silêncio pela manhã. Por nossa amizade dei um balde de ENO de presente de Natal. Acreditem amigos, gostoso é viver; mas, beijar na boca, rolar no chão, tomar cachaça, pecar irmão!!! Só na Caverna do Dragão.