POR QUE COMIGO?
Sandro Nicodemo
 
 

Mais um dia de prazeroso trabalho - inclusive, até estou me sentindo mais eu mesmo ultimamente - missão cumprida, o retorno para a casa...demorado retorno aliás! Rádio Nova Brasil FM (89,7), cantarolando Djavan, um farol vermelho e começa o tal do “demorado retorno”.

Meu carrinho a gás, parado no semáforo, o farol se abre e o carro...tcharam...morre! Tranqüilo, é só ligar que ele vai! Alterei o combustível para gasolina, de modo a facilitar a ignição e nem sinal de vida. Então, muito bem disposto, bem humorado, dançando ao som das buzinas e apoiado pela ajuda de um bom ser, aguardo o surgimento do sinal vermelho e sigo a empurrar meu veículo da pista da extrema esquerda até a da extrema direita, desfilando com o carro “abre alas”, dando boas vindas ao carnaval, na Av. Luis Inácio Anhaia Melo (diga o terceiro nome por três vezes consecutivas rapidamente! É bem divertido!).

Conforme a lei do carro morto, tentamos fazê-lo pegar no tranco, muitas tentativas e nada! Bom, a minha genial solução encontrada foi chamar o guincho. Acabei com os meus créditos – trinta reais restantes - do celular nessa brincadeira, desmarcando compromissos, dando satisfações à mãe, pai e vó que ligavam pra saber como estava o “andamento” do processo de espera...”- Previsão entre uma hora e meia e duas horas, meu senhor.”

A cada quinze minutos, esperançosas tentativas de ignição iam embora juntamente com o fluxo enorme de carros que passava ininterruptamente. Até uma fechada aconteceu do meu lado, onde um carro jogou o outro para a ilha da avenida, fazendo o Palio branco ralar as duas rodas na guia. Imaginem que a tal avenida tem aproximadamente oito quilômetros de extensão e que meu carro tem dois metros e meio. As marcas da fechada – o ralado na guia – ficaram na direção do meu carro! Seria um aviso?

E o tempo passava lentamente, entre os momentos de cochilo, levantei para comer uma coxinha com soda no bar da frente, depois comecei a organizar o trabalho que havia realizado, toquei um bom tempo de gaita e, a cada meia hora, no máximo, uma tentativa na chave e...nada!

Restando quinze minutos para o prazo máximo de espera, o guincho surge do lado oposto da avenida e dá uma buzinada, com um sinal de “jóia”. Eu retribuo e, no mesmo momento vem o pensamento: “- Se eu bater a chave agora, o carro vai pegar, tenho certeza!”.

Bati a chave...por que comigo?

 
 
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