OS
PARANORMAIS: LUTA, OU AMIZADE?
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Bruno
Pinheiro de Lacerda
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(...) Aqueles que lutam por lutar são bárbaros! Os bárbaros podem derrubar impérios, mas, sendo bárbaros, não podem construir suas próprias casas. Aqueles que lutam por um sonho, por outro lado, são vencedores! Eles não derrubam impérios, mas os criam; eles não destroem universos, mas constroem; eles podem ferirem alguém na sua luta, mas são capazes de, ao ferirem um inocente, recuperá-lo e pedirem desculpas. Aqueles que lutam por lutar _ bárbaros _, geralmente são carregados de cólera e, por isso, perdem sempre no final (o rancor, o ódio, tudo isso pesa e impede uma grande seqüência de vitórias); aqueles que lutam por um sonho, em contrapartida, são capazes de voar e, mesmo perdendo no princípio, sempre vencem quando a gota derradeira da ampulheta cai. Somos seres humanos e, portanto, imperfeitos; pendemos entre o lutador bárbaro e o lutador sonhador. Alguns de nós somos mais lutadores sonhadores; outros, são mais bárbaros e, por fim, há aqueles que, ora são uma coisa, ora outra. Mas... Como saber o que realmente somos nessa balança? Como achar um sonho pelo qual realmente vale a pena lutar? E, finalmente, como saber se nosso sonho vale a pena mesmo ou não? Comparando com o sonho do nosso adversário? Acreditando nos sonhos que temos com força? Buscar sempre lutar por um sonho é dever de todo lutador, de todo ser vivente, que luta pela vida e, principalmente, daqueles chamados de: OS PARANORMAIS! Caio lutava contra Leandro. Caio começou perdendo, porque Leandro era mais veloz e tinha melhores ataques. Todavia, Caio encontrou um meio de refletir os ataques de Leandro contra Leandro mesmo. Agora, Caio estava na frente e Leandro se impressionada com a força de vontade do amigo. Certamente, Caio lutava por um sonho, um sonho que realmente valia a pena. Mas... Qual seria esse sonho? Leandro questionou isso a Caio e, este, prometeu contar tudo. O que Caio contará? E... Quem vencerá esta luta? Será que mais uma amizade será abalada? Grandes revelações irão acontecer... Caio disse: _ Eu vou contar tudo. Bem, advirto, Leandro, é uma história bem triste! Eu nunca conheci meus pais. Bem... Na verdade, isso nunca realmente me fez falta. Quando pequeno... Acho que até... Mais ou menos uns três anos... Eu... Eu vivia na casa de Zenildo. Não sei por que, mas me lembro que era assim. Eu não sei, nunca soube o que é ter pais, mas, isso até que não me fazia tanta falta. Eu, na verdade, não tinha uma família... Pelo menos não aquilo que chamam de família... Porém, eu tinha uma pessoa, que era minha família, era tudo pra mim, era minha vida: era... Era... Era... Caio baixou o tom de voz, transmitindo um tom melódico e triste: _ Era... Era... Era... _ Era o quê? _ Leandro perguntou, atônito. _ Era... Bem, ela era... Era a... Era a... Caio fez mais uma pausa, um silêncio horrível... Ah, Caio não estava feliz... Não naquele momento! Ah, não! Leandro notava isso. Por que tudo aquilo? Leandro não conseguia entender. Caio continuou, após longos segundos de terror: _ Era a... Bem... Era a... Mais uma dura pausa. Em seguida, Caio disse: _ Era... Era a... A... A... Era a... Bem, era a minha irmã! _ Irmã?????? _ Exatamente! Ela era tudo pra mim! Eu vivia com ela e ela era minha melhor amiga, minha confidente e, ao mesmo tempo, era ela quem nunca permitia que eu pensasse nos meus pais, os quais eu nem conhecia... Ela era tão frágil, indefesa, delicada, doce... Ah, não tenho palavras para descrevê-la! Ela era magnífica! Contudo, sua fragilidade era tamanha, que eu precisava sempre protegê-la, de tudo! Ela tinha medo de quase tudo, quase tudo mesmo! Ter que proteger minha irmã me fazia forte. Você pensa que eu não tinha medo? Às vezes, eu acordava nas noites gélidas de terror, após o pior dos pesadelos e, morria de medo; porém, se eu chorasse e ela percebesse, se eu demonstrasse medo... Ah, ela se desesperaria! Eu a confortava quando ela tinha pesadelos, mas, às vezes eu tinha tanto medo quanto ela de que eles se tornassem reais! Eu tinha medo, mas dizia: _ Não fique assim, irmãzinha! Tudo vai dar certo! Estamos juntos e, enquanto estivermos juntos, nada de ruim pode acontecer! Ah, aquilo que eu dizia... Aquilo sim era verdade! Enquanto estivéssemos juntos, nada poderia dar errado... Ah, enquanto estivéssemos juntos... Enquanto estivéssemos juntos! Droga! Droga! Por que tudo teve que acontecer assim? Droga! Eu ficava triste, sim, mas sempre demonstrava alegria para ela. Às vezes eu era covarde, mas transmitia coragem! Droga! Por que foi acontecer? Ah, amigo Leandro, você tem pais e não sabe o que é perder a pessoa que você mais ama! Ah, não, não sabe mesmo! Você pode ter ficado longe de seus pais por um tempo enorme, mas... Você sempre soube onde eles estavam, você sempre recebia cartas deles... Eu, por outro lado, não. Perdi meus pais, nem sei quando! E... Depois, mais ou menos aos três anos, perdi também minha irmã. Leandro ouvia tudo e não acreditou no que ouviu. Ele disse: _ Como??? Caio continuou: _ Num belo dia, num daqueles dias de Sol forte, naqueles dias em que tudo parece que vai dar certo, o maldito do Zenildo viu a mim e à minha irmã brincando, como sempre, juntos. Daí ele chegou para nós, áspero como sempre, e disse: _ Eu já disse que vocês não podem ficar juntos assim! Ah, mas... Vocês não me escutam, não é? Então, vou separá-los à força! Violentamente, Zenildo jogou-nos no chão, cada um para um lado. Depois disse: Vou mandar vocês cada um para um orfanato diferente... Ah, vocês jamais se encontrarão! Eu disse, erguendo-me: _ Você não pode fazer isso! Não pode! Não pode, maldito! Ele disse: _ Cale-se! Você tem de se tornar um Paranormal e não pode ser tão fraco! Eu disse: _ Eu vou impedir que faça isso! Zenildo retrucou: _ Ah, vai? E... O que vai fazer, garotinho inútil? Vai me matar? Faz-me rir, garoto! Eu não sei como, mas lutei contra aquele monstro. Lutei, e lutei com bravura! Contudo, eu não era ainda um Paranormal; eu era apenas capaz de mover coisas pequenas, como moedas e pratos, mas isso não é Paranormalidade! O Paranormal é aquele que move o universo com um simples pensamento! Pelo menos isso é o que diz minha mestra. Mesmo assim, eu consegui deixar Zenildo no chão, com um de meus ataques. Minha irmã, chorando, como sempre, disse: _ Caio, eu to com medo! Eu também tive vontade de chorar, mas, como sempre, mantive-me ali, seguro, firme. Eu também tinha medo, mas, como sempre fazia, demonstrei coragem. Se eu mostrasse medo ou tristeza, minha irmã não suportaria. Eu, prevendo o que ia acontecer, falei: _ Escute-me, irmãzinha, nós não vamos conseguir vencer esse monstro! Não chore e nem me interrompa, porque não temos tempo para isso agora! Escute-me! Escute-me! Escute-me! Eu vou sempre estar com você, mesmo distante! Minha alma encontrará a sua, meus pensamentros encontrarão os seus, nós tocaremos as mãos, mesmo estando separados! Não poderemos nos ouvir, pelo menos não como temos costume, mas, sempre que nos lembrarmos um do outro, estaremos juntos! E... Não quero que você chore, nem que perca a fé, nem que desista! Seja forte! E... Lute contra todas as barreiras! Ela disse: _ Caio, promete pra mim que nós vamos nos encontrar de novo! Prometa pra mim que vamos ficar juntos no fim disso tudo! Eu prometi: _ Sim, eu prometo! Vou procurar você no Céu, no Inferno, nas estrelas, nas galáxias, debaixo da terra, na terra, nos oceanos, ou em qualquer outro lugar! Prometo procurá-la, prometo encontrá-la, mas quero que você também me prometa uma coisa: prometa pra mim que vai vencer todas as barreiras, todas mesmo! Ela disse, não sei se prestou atenção no que disse, mas disse: _ Sim, eu prometo! Depois... Ah, o que se segue é terrível! Zenildo levantou-se e lançou uma enorme bola de energia contra a cabeça de minha irmã. Eu pulei na frente e fui atingido: caí! Rapidamente, Zenildo lançou um golpe contra a cabeça de minha irmã. Quando eu me levantei, lancei um forte ataque que o jogou novamente no chão. Tentei falar com minha irmã, mas, ela estava inconsciente. Zenildo levantou-se e lançou um ataque fortíssimo contra mim: fui atingido na cabeça. Bem, o resultado... Ah! Eu não me lembro! Perdi toda a minha memória. Acordei num outro orfanato, sem, sequer, lembrar meu nome. Aos poucos, fui recuperando parte da minha memória. Contudo, não me lembro do nome da minha irmã. Lembro-me de algumas coisas, de nós dois brincando, de algumas cenas, mas, ah, não me lembro do nome dela! Eu prometi encontrá-la, Leandro, e vou! E... Para isso, preciso vencer este torneio! Preciso de publicidade! Preciso vencer! E vou vencer! Você quer o orgulho de seus pais, mas, mesmo que não perceba, já o tem; eu ainda não alcancei meu sonho! Mas vou alcançá-lo! E vou começar vencendo esta luta! Escute, amigo Leandro, você não me vencerá, jamais! Leandro se comoveu. Mas, disse: _ É, você tem razão... Pode ser que...Que eu já tenha o orgulho de meus pais. Mas, vou lutar com todas as minhas forças, vou dar o máximo de mim nessa luta! Você merece isso! Prepare-se! _ Estou pronto: venha! Mas, não me vencerá! _ Amigo Caio, sabe de que elemento químico é meu cristal? Sou o Paranormal do Cristal de Oxigênio! E... Você sabe o que acontece quando tem muito Oxigênio no ar? Sabe o que acontece quando há Oxigênio em excesso na atmosfera? _ Leandro tirou seu cristal do bolso e o colocou na mão direita. Em seguida, esticou o braço direito e agitou o cristal. Depois disse: _ O que acontece é uma... Em seguida, Leandro lançou seu ataque especial: _ [Combustão Espontânea!] O ar em volta de Caio começou a pegar fogo! Caio começou a se queimar... Ou... A ser queimado! Rapidamente, o fogo se alastrou, mas, obviamente, ficou só na metade da arena onde Caio estava. Afinal, Leandro era capaz de controlar a combustão, já que era o Paranormal do Cristal de Oxigênio. A energia vital de Caio estava em 10%. O narrador narrava: _ Incrível! Leandro tirou seu cristal do bolso... Olha lá! Ele agitou o cristal e... O que é isso! Meu Deus! O ar em volta de Caio... Não! Tudo! Tudo! Tudo está pegando fogo! O que é isso? Caio vai morrer! Caio disse: _ Não vai me vencer, Leandro! Não mesmo! Em seguida, retirou seu cristal do bolso, colocou-o nas pontas dos dedos e o lançou contra as chamas, invocando seu ataque especial: _ [Sacrifício de Hidrogênio!] De repente, tudo começou a virar água! Leandro não acreditou! Ele disse: _ Como? Como? O que é isso? O que está acontecendo? Caio explicou: _ Meu cristal é de Hidrogênio, Leandro. Meu ataque faz com que meu cristal libere muita quantidade de Hidrogênio e... Bem, eu posso controlar cada átomo de Hidrogênio presente no ar, ou em qualquer lugar. É fácil: eu ordenei que, para cada átomo de Oxigênio, dois de Hidrogênio se unissem a ele e... Sabe o que dá essa união? Dois átomos de Hidrogênio para cada átomo de Oxigênio, isso dá... _ Água! _ Leandro exclamou, espantado. _ Exato! E... Acho que não há mais oxigênio no ar capaz de continuar a combustão. Além disso, bem... Na água é mais difícil, não é? Em seguida, Caio estendeu a mão direita e colocou a esquerda próxima ao peito, protegendo o coração. Depois, preparou seu ataque especial, enquanto dizia: _ Agora é a minha vez! Acabou, Leandro! Depois, ele lançou seu ataque especial: _ [Força e energia!] Leandro foi atingido. A energia vital dele ficou em 10%. O narrador contava o fato: _ Incrível! Caio retirou seu cristal do bolso e... Olhem! Olhem! Olha lá! Tudo virou água agora! Ah, que luta, senhores! Que luta! Agora Caio atacou e... Nossa! Leandro foi atingido! A energia vital dele está novamente igual à de Caio agora. Que luta, hem, Comentarista? _ É uma luta incrível, Narrador, mas Caio já venceu. Leandro não tem mais chance alguma, suas armas são inúteis contra Caio. _ Ah, não sei não! Vamos ver! Leandro foi ao chão. Caio pensou: _ Acabou: venci! Leandro pensou: _ É, realmente, Caio tem razão: não posso vencê-lo. Ele tem um sonho e precisa realizar; e... Ele merece! Eu... Ah, o que quero já tenho! Caio merece vencer! Leandro levantou-se. Em seguida, disse: _ Ainda não acabou, Caio. Caio disse: _ É, ainda não. Mas, eu lutarei até a morte, se preciso! Caio pensou: _ Vou atingir a cabeça de Leandro, assim a luta termina! Caio lançou novamente seu ataque especial, mas agora na cabeça de Leandro: _ [Força e energia!] Leandro foi atingido e foi ao chão. A energia vital dele ficou em 5%. O narrador falou: _ E Leandro foi atingido novamente! Mais uma vez, ele vai ao chão! Ah, sim, a luta acabou mesmo! Agora eu concordo com você, Comentarista! Caio pensava que tudo havia acabado. Contudo, Leandro levantou-se. Caio disse: _ Ah, amigo Leandro, eu não queria continuar, mas, não tenho outra escolha! _ Caio _ Leandro disse _, você não quer me matar, eu sei, mas me mataria para realizar seu sonho. E... Eu não o culpo, porque, se eu tivesse um sonho desses, faria o mesmo. Bem, qualquer idiota sabe que já perdi esta luta; mas... Não sou de ficar caído por aí. Ah, já chega! Eu vou poupá-lo de ter que me matar! Você está na frente, tenho menos energia vital, você venceu! _ Em seguida, Leandro gritou: _ Eu me rendo! Nesse momento, ouviu-se um silêncio na platéia. Ah, Leandro se rendia por sua amizade; Leandro se rendia, para orgulhar mais ainda seus pais; Leandro se rendia, por algo que valia a pena! O juiz disse: _ Leandro se rendeu. Fim de combate: vitória de Caio! O Narrador narrou: _ E vejam! Que surpresa! Leandro levantou-se, mas se rendeu! Caio ganhou e a platéia vai à loucura! Todo mundo grita o nome dele: Caio! Ele sim, é o cara! Caio venceu a luta. Ele saiu aplaudido da arena. Foi para seu vestiário, tomou banho e saiu da arena. No lugar onde Caio estava hospedado, ele se encontrou com Leandro. Caio disse e, aí, um diálogo se estabeleceu: _ Leandro, por que se rendeu? _ Ah, amigo Caio, seu sonho vale mais! E... Bem, já tenho o orgulho de meus pais. Além de tudo, você me venceu: parabéns! A partir de hoje, só vou lutar pelo que realmente vale a pena! Caio agradeceu. As outras lutas dessa fase não serão descritas por mim, leitor, porque não vale a pena. Caio teve alguns dias de descanso, mas, o tempo foi cruel: rapidamente chegou o dia de sua luta contra Daniela. Ah, aquela seria, realmente, uma batalha memorável! E... Quem vencerá o combate memorável? Caio? Daniela? Ou não haverá vencedor? Ah, a próxima luta! Ah... (continua) |