ESTRANGEIRO EM SOLO MATERNO
Dam Nascimento
 
 

Abro um braço para que dentro de um país de tanta beleza lembremos também dos excluídos. A quem perca tempo empurrando a culpa de tudo para o governo, mas, também temos culpa do abismo social e se não tivéssemos deveríamos ajudar.

Estrangeiro em solo materno é aquele que está excluído dentro de sua pátria mãe. É aquele brasileiro das sombras que vaga por ai sem espaço e nem território, em ruas sem nome, em vidas sem CPF. São olhos que tocaiam no escuro enquanto dormimos, são estômagos vazios e embrulhados, são corações corrompidos, meninos malvados. Os excluídos vivem a adrenalina do momento e através do medo se mantém vivos. Vivemos em uma bola de neve e este gelo não derrete. Existem sonhos que se tornam reais e outros que simplesmente são de papel. Não é difícil encontrar uma criança que perdendo a infância sonhe com um prato de comida ou um pai que desempregado pede esmola que vai em decadência , que rouba e que mata. Tão perto quanto a insanidade e a loucura, a linhas dos dois mundos levemente se cruzam e geram o caos. Somos vítimas de nós mesmos. Somos perseguidos pelo medo de escuro, pelas facas da intolerância, pelo fogo do preconceito, pela dor da proximidade. Somos de carne e osso e vivemos o pavor de dar o primeiro passo. Dê o primeiro passo.

Seja voluntário, solidário, inciso. O medo da mudança não pode se maior que a vontade de transformação.

Um a um, só depende de nós.