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MINICONTOS DE NATAL
MINI-CONTOS DE 2006
continhos de natal dos anjos de prata
 

NATAL
Afonso José Santana

A mesa farta, vinhos envelhecidos são abertos, champagne francesas são brindadas. Há risos por toda parte! Natal

A mesa vazia, pensamentos absortos, nenhuma expectativa! Natal

O peru defumado, as frutas variadas decoram a mesa enorme. Crianças sorrindo, brincando com os novos brinquedos... algumas reclamam "puxa, de novo outro carrinho de controle remoto?" Natal

A tv preto e branco ligada, as fantasias de um lindo natal fluindo pela tela. Pobres carinhas com um sorriso franco no rosto por terem ganho um brinquedinho simples: há um brilho intenso nos olhos da menininha que se encanta com uma bonequinha comprada numa loja de R$1,99; o garotinho se agarra ao carrinho de plástico que ele tanto queria. Natal

Entre a fartura na mesa e a mesa em que tudo falta há a presença do menino Jesus. Que Ele esteja em todos os lares, seja do rico do pobre. O importante é que a Sua presença é que se faça ser vista, pois a comemoração é para Ele. A comemoração é pelo seu nascimento. O nascimento do nosso Salvador.

ESPERANÇA SECRETA
Alex Sens Fuziy

Quando Pedro espreguiçou as pernas finas e mal nutridas, lembrou que era Natal. Pensou na árvore, nas bolas cristalinas, nas pessoas felizes e nos panetones. Não tinha árvore, não tinha enfeites, nem uma família. O panetone nunca provara. Ele voltou o olhar a rodovia cheia de carros. Ali era o seu quarto, sob o céu cinzento do verão.

Sorriu. Não tinha neve, não tinha presentes. Mas era um dia especial, e por isso valia à pena respirar sentindo o ar mais cheio e saboroso.

Tinha a esperança secreta de ver o homem de vermelho cair de alguma chaminé invisível. E quando isso acontecesse, se esconderia no saco de presentes que tanto ouvira falar.

Nunca mais estaria só.

PAPAI NOEL
Angela Viana

O Natal em família do ano passado foi inesquecível para as crianças. Meu irmão foi escalado por todos para ser o Papai Noel. No início, ele protestou um pouco, afinal de contas, não achava justo que só porque estava um pouco acima do peso tinha que ser ele o bom velhinho, mas depois se convenceu de que além desse quesito importantíssimo, ele também tem uma outra qualidade imprescindível: é o mais animado da família.

Para que as crianças não descobrissem sua identidade, resolveu usar um óculos escuro e ficou, digamos assim, muito exótico. Os maiorzinhos logo perceberam que era ele o Papai Noel, mas disfarçaram afim de que os pequenos acreditassem que estavam mesmo diante do bom velhinho.

O filhinho da minha prima, que ainda não tinha completado 4 anos, ficou encantado, seus olhinhos brilhavam de fascinação e ele ficou mais contente de se sentar no colo do Papai Noel, do que de ganhar presente.

O mais engraçado foi quando meu irmão perguntou a ele se tinha se comportado bem e ele disse que não. Então meu irmão ficou sem sabero que fazer e depois de gaguejar um pouco, disse que ele ia ganhar o presente mesmo assim e o menino ficou com cara de quem não entendeu nada.

Depois ele comentou com uma das priminhas que o Papai Noel era realmente um bom velhinho, porque dava presentes até mesmo para os que não tinham se comportado bem...

A VIOLINHA
Antonio Carlos Vellasques

Meu irmão havia saído do hospital naquele ano e apesar da extrema pobreza, papai resolvera dar-nos um Natal inesquecível. Dormimos aguardando Papai Noel.

De madrugada acordei com a gritaria de meus irmãos a abrirem seus presentes. Ao descer da cama, desesperado, acabei pisando com força em alguma coisa: era meu presente, que papai havia colocado ao lado da cama. Ao rasgar o papel lá estava ela: uma linda violinha de madeira envernizada, agora uma massa informe, quebrada.

A dor foi imensa, e hoje, décadas depois, ainda sinto nas mãos a mistura de cavacos de madeira, cordas e lágrimas. Foi um Natal melancólico, porém inesquecível.
 
REPETITORE
Beto Muniz

Nasceu Jesus! Badalam os sinos, o amor inebria o mundo e até os miseráveis vislumbram a felicidade. Todos têm um só pai, um só objetivo e magoas antigas são esquecidas num abraço. Entes queridos chegam, famílias se completam, irmãos esquecem o ontem, que vida é futuro e amanhã será um novo ano, nova vida, novas esperanças. Tempo de renovar as promessas, pular ondas e comer lentilhas. Roupa branca, coração puro... Às vezes saudade, pontinha de tristeza que passa logo, afinal já é carnaval. O sorriso brilha, a serpentina serpenteia, os paetês sobejam, plumas pavoneiam e enredos enredam multidões! Termina tudo em cinza, quaresma, penitência, comunhão com a dor de Jesus crucificado.

PEDIDO AO PAPAI NOEL
Claudio Fittipaldi

Sabe Papai Noel, já faz quase uns cinqüenta anos que não acredito mais em você. Comecei a desconfiar naquela noite que ganhei o jipinho do exército. Eu e a Leilinha notamos sua cara de papelão e a barriga de travesseiro. Pensou que nos enganou né? Crasso engano, por isso mesmo, nunca mais te pedi nada.

Mas agora uma necessidade premente me leva a pedir empatia pra toda humanidade. É caso emergencial.

Empatia para as esposas e maridos, pais e filhos, patrões e empregados, para os que governam e para os que criticam, e ainda, para os que comemoram o Natal. Para o aniversariante não precisa; ele já tem.

NATAL NA SIBÉRIA
Creso Abreu Falcão

Lugar-comum não falta no Natal. Um bastante surrado é o de que desta vez a gente vai dar presente é para si. Vinha pensando nisto, no egoísmo das pessoas e tal, mas o fato é que eu próprio, refinado velhaco, é que estava mesmo pensando em me presentear. Conflito instalado. Pra diminuir a dor de consciência, resolvi comprar um livro, mas teria que ser um clássico. Nunca lemos cada clássico o suficiente, diria Ítalo Calvino. Mas o presente mesmo foi que não precisei comprar clássico algum: uma faxina na estante, daquelas que desarrumam para sempre todos os nossos papéis (exigência de minha mulher, claro), fez saltar à minha frente preciosas Recordações da Casa dos Mortos, edição de bolso comprada sei lá, há vinte e tantos anos atrás, e que já se acomodou à minha frente sem a menor sem-cerimônia. OK, Dostoiévsky, Feliz Natal, grande amigo! De verdade. E a vocês todos também.

CLIMA DE NATAL
Cristina Luhmel

O clima estava diferente. Havia mais pressa no caminhar. Três semanas ficara com a avó, sua única referência de vida. Quinze anos; o pai nunca conheceu; a mãe não sobreviveu à miséria. Os hospitais sempre lotados para as dores sussurradas da avó e seu destino uniu-se ao da filha.

Clara ajeitou sua caixa de balas. Muitos carros passaram; as luzes opacas da cidade deram lugar ao colorido do espírito natalino; desfilavam figuras desajeitadas de papai-noel; homens e mulheres equilibrando sacolas e gritos com as crianças. E numa noite qualquer uma estrela brilhou mais forte. Sentada no meio-fio, Clara se permitiu chorar e pedir um destino melhor.

DESCONTO DE NATAL
Edison Veiga Junior

Durante o ano todo ele se comportou direitinho. Seguiu os dez mandamentos, inventou outros três, respeitou mais alguns. Nem era cristão, mas achou melhor não brincar com essas coisas. Também deu provas de cidadania: jogou o lixo no lixo, não andou na contramão, não fumou no elevador, ajudou as velhinhas decrépitas a atravessarem a rua e, principalmente, não sonegou o imposto de renda. Ah, o imposto de renda. Seu bom comportamento valeu até no futebol, já que se eximiu de xingar a mãe do bandeirinha corrupto.

Pensou que por ter sido um bom menino mereceria um belo presente debaixo da árvore. Quase esqueceu que era ele o Papai Noel.


Eduardo Prearo

Jesus madrugou. Levantou-se e foi beber água pura de poço. Vislumbrou Vênus reluzindo na aurora; observou ovelhas; nadou e colheu flores cor-de-rosa. Era aniversário dele, mas difícil alguém comemorar essa data, que sempre passava em branco. Nervoso, leu um salmo em voz alta e adormeceu...pensando em alguém de outro tempo.

UM EXEMPLO
Fábio Junior

A noite de natal fria como sempre aprazia a todos menos um menino de Rua chamado Jesus como o Criador. Tinha feições cansadas, robusta para aguentar o gélido cotidiano do desprezo, sofria o martirio de ser órfão sozinho no mundo, sem nada, chorava aquela noite como se houvesse castigo ainda mais severo do que já era morar na rua entregue a própria sorte, mas até que surge uma luz e ele é arrebatado junto com todos pobres da terra num efeito, ou melhor, fenômeno intranatural e sai de nosso planeta por um instante e contempla a ceia mais bela com a familia mais unida do mundo ele se lembrara do ano em que nesta data foi adotado por uma senhora chamada Matilde e agora era feliz com seus irmãos do orfanato Esperança onde cada um relembrava a sua história com um brilho no olhar e ele não era diferente quando obrigado Deus por este dia.

NÃO ESQUEÇA DE AGRADECER
Gisa Elle

É noite...brilham luzes, aromas, sorrisos. Nas casas as reuniões...uniões...abraços e olhares voltados para os presentes. Presentes palpáveis, saudáveis, saudosos...

É noite...crianças com olhos atentos para a janela. Esperando Papai Noel, na inocência que a magia envolve com alegria. Alegria dos sonhos, risonhos, suaves...

É noite... adultos com pensamentos distantes. A retrospectiva do ano alegra, alerta e descortina sentimentos sobre ações. Ações bem feitas, mal feitas e não feitas...

Vagando em meu momento brevemente nostálgico, volto a realidade e o interrompo para o 5...4...3...2...1...FELIZ NATAL !!!

E após os cumprimentos, é hora de fazer uma prece a Deus para agradecer pela vida, pelo ano de alegrias e batalhas, pela família e pelo amparo, além de cantar um Feliz Aniversário a Jesus, pois a comemoração e a união são graças ao seu nascimento.

NATAL INESQUECÍVEL
Hugo Carvalho

Maria cresceu brincando naquele mar, onde se viam baleias nos natais.

Um dia Maria, menina, engravidou por obra e graça do divino espírito santo e, tendo ao ventre, o fruto da sedução, foi dá-lo à luz noutro lugar. Uma menina nasceu numa páscoa enluarada. Os pescadores que visitaram Maria souberam que a menina-jesus, nascida na Páscoa, seria Pascolina do Espírito Santo, que virou Páscoa.

Maria conheceu José, que se chamava Waldemar, que cuidou dela e sua filha. Páscoa sofreu na vida. Gerou dois anjos. Um com ela sempre viveu. O outro batera asas. Num Natal iluminado por uma lua cheia, Páscoa subiu aos céus. Chorei.

Eu era o outro anjo.

NATAL POR OUTRO ÂNGULO
João Rodrigues

As ruas estavam vazias. Lojas e shoppings decorados com árvores de Natal e milhares de luzes coloridas que piscavam intermitentemente. O clima natalino pairava no ar. Fogos de artifícios estouravam aqui e ali. Algumas pessoas ainda passavam correndo em direção ao lar. Certamente a ceia estava sendo preparada e os familiares as esperavam para a confraternização. A casa à frente tinha uma mesa farta, repleta de refrigerantes, cervejas, panetones, rabanadas e uma infinidade de guloseimas. Crianças correndo pra lá e pra cá brincando com seus presentes que o Papai Noel trouxera. Uma música animada convidava todos a uma dança. Meia-noite. Homens, mulheres e crianças se abraçavamm e trocavam presentes, bebiam e comiam à vontade. Confraternizavam-se. A TV começava a apresentar a Missa do Galo. A paz, a comunhão, a solidariedade.

O Pivete certamente não conhecia aquelas palavras assim como também não sabia de que forma saciar sua fome. E saiu sozinho pelas tristes ruas de uma alegre noite de Natal.
 

COMO NASCEM OS CÉTICOS
Jorge Eduardo Machado

E então: "Papai Noel existe ou é tudo mentira?", pressionou novamente o garoto. Atônito, o pai não sabia como explicar sua presença no quarto do filho àquela hora da madrugada, com um videogame a tiracolo - por coincidência, o que o menino pedira ao bom velhinho. Sem ter como sustentar a mentira de oito anos, admitiu, constrangido: "Você já tem idade pra saber a verdade". Após segundos de silêncio sepulcral, nos quais ficara flagrante a decepção do rapazinho, para quem certezas agora podiam se diluir como névoa, o pai não viu outra saída senão dar tempo ao tempo. Antes de ir, porém, o filho o redargüiu: "E quanto a esse tal de Jesus Cristo?".
 

COLAR DE PÉROLAS
Luís Valise

Percorria shoppings com pés inchados. Urgente entrar no regime. A filha, mimada, exigia:

- Dessa cor eu não quero!

Outra loja, e a esperança morria:

- Azul, de novo? Azul eu já tenho!

Até que a garota viu o que procurava:

- Este! Este!

Cafuné na filha, a mãe esperou. Ele saiu pela porta dos empregados lá pelas onze da noite, vestindo a roupa vermelha. O beco estava deserto, a mulher não teve trabalho: tirou a arma da bolsa e atirou nas costas do homem. Ajoelhada ao lado do corpo, cutucou os olhos do cadáver com um canivete, tirando fora seus globos oculares. Verdes. Estava completa a coleção de olhos de Papai Noel.

CARTÃO POSTAL
Luisa Ataíde

Brasília é cercada de retas por todos os lados. A ponta do eixo inverte os pratos e o lago para no ar. Os jovens já não cantam rock nas garagens ,estão no Mensager. Os representantes do povo aguardam em sala de espera um vôo de volta. Brasília é silêncio e claridade. Um homem comum estende varais na Esplanada. Os lençóis se abrem . Há mensagens de toda parte do país. São cartas abertas ao bom velhinho: Os lençóis ao vento pedem presentes para 2007. As palavras em letras grandes voam ao vento. Entre todos os pedidos um flamuleja mais alto: SERIEDADE. São cartas abertas de um menino chamado Brasil.

QUERO NÃO, PRA QUÊ?
Ly Sabas

Olha, Papai Noel, vou ser bem direta. Não quero nada que todo mundo quer, nenhuma invenção tecnológica. Saúde, então, pode esquecer. Dispenso atenção de filho desnaturado e não vou pedir pela paz mundial. Aquele povo gosta de brigar e se pedir adiantasse, já tinham parado. Quero um encontro amoroso. Mas não com um desconhecido qualquer. Quero aquele velho ranheta que me atazanou por mais de cinqüenta anos antes de ir embora lá pra cima. Não quero que traga o presente aqui. Quero que me leve até ele. Ta me entendendo? Prometo não dar trabalho na viagem, mas quero bilhete único. Agradeço depois; se for atendida.

OBRIGADO NOEL!
Oicram Somar

Eu não podia acreditar. Doeu-me a notícia. Em um triste dia quiseram me enfiar goela abaixo: só as crianças tinham o direito de viver os seus sonhos. Eu estava crescendo e já era hora de saber a verdadeira história. Me recusei a deixar de sonhar, a deixar de viver! Cresci, e ainda espero ansiosamente o meu amor na Noite de Natal, ou um novo amor no ano que se inicia. Papai Noel nunca me faltou. Obrigado Noel!
 
A CEIA DE NATAL

Raymundo Silveira

João Ferreira, um nordestino, chegou em casa na noite de Natal de 1958 e sentiu um cheiro de queimado. Estranhou. Logo depois deparou com os filhos em redor de uma trempe improvisada sapecando num espeto algo que parecia pequenas serpentes. Cuidou que as crianças estivessem preparando, com cobras, uma Ceia de Natal e ficou apavorado. "Não, pai. Não são cobras. São só umas lingüicinhas que tavam saindo pelo cu e nós tamo assando pro jantar..."

 

AMIGO SECRETO SUSTENTÁVEL
Sandro Nicodemo

Começa a brincadeira. Sem compra de presente! Lílian entrega ao pai um espelho no formato de coração! Seu Armando, presenteia sua esposa, a qual o abre e observa as duas velas brancas, números 2 e 5, utilizadas em suas bodas de prata, coladas na ordem invertida. Bianca oferece o presente a Lúcio, um par de óculos usado, para que seja vigiado enquanto dorme. Lúcio, entrega a Bruno, o qual vê a bola que tanto os fizeram brigar, furada, uma trégua e abraça seu irmão desculpando-se. Fechando, Bruno, oferece à sua irmã, a qual emociona-se ao ver um quadro com o raiar de Sol! Emocionados por terem, pela primeira vez, dado um outro sentido o Natal.
 

QUEM BATE?
Thaty Marcondes

Quase meia noite.
- Oba, viva o Natal!

A campainha toca.
- É hora da ceia. Quem será, essa hora?
- Alguma visita surpresa!
- Mãe, acho que é Papá Noé!
- Tocando a campainha?
- Seu bobo, aqui não tem chaminé!
- É, mãe, abre logo a porta!
- Selá que trazeu muito pesenti?
- Oba, minha magrela! Será ela?

A mãezona, dona da casa, se levanta. O marido a acompanha. Gritos das crianças, disputando quem receberá primeiro os presentes. Silêncio. Os sinos da Igreja da pracinha badalam meia noite em ponto.
- Bem à hora da missa do galo! - exclama a avó.

O casal volta com lágrimas nos olhos e uma surpresa nos braços.
- Jesus chegou bem na hora! - diz o avô.
 

NOITE FELIZ!
Vera Vilela

Na árvore de Natal brilhava uma única bola, foi o que pai pudera comprar. No rosto brilhavam seus olhos, era ainda muito pequeno para entender. Em suas mãos uma linda bola de plástico, um pedaço de bolo e um copo de tubaína.
Ah! Como era lindo o Natal!

RECONTO DE NATAL
William Stutz

Luzes multicoloridas vozes afinadas, cores e cheiros. Panetone.

Ruas cheias, falsas alvíssaras. Acentuadas diferenças Orgia, consumo, miséria escancarada/escondida. Avareza

Em Seu nome comer e beber à larga Aves abatidas, gordurosas carnes, Vinho, puro néctar. Gula

Beijos de Judas,amigos secretos sorteados. Inimigos afáveis, cordialidade curta. Ira

Pequenos papéis em caixa de recados - bilhetes anonimato, perjúrio, maldade. Inveja

Em nome Dele falsa alegria Renascimento e luxo - poucos. Soberba.

A sarjeta, os andaimes, as marquises a esconder horror da farsa/festa. Em salões requintados banham-se em caras fragrâncias. Luxúria.

Em manjedoura distante Menino chora envergonhado: insensibilidade humana. Preguiça.

TUDO VALERA A PENA
Yoshie Furukawa

Não era apenas mais um dia comum pois faltavam poucos para o Natal e o desconforto no peito batia mais forte. Estar desempregado pela primeira vez depois de anos era muito triste. Encarar a esposa e filho e não poder dar aquele sorriso aberto. Desatou a chorar. Sua mulher adentra o quarto e senta ao seu lado. Pede que tenha forças, mostra-lhe os trabalhos do filho durante o ano escolar, conta-lhe do orgulho que tinha dele. Alguns instantes e o menino entra e abraça o pai dizendo que fez uma prece. No ano seguinte havia um sorriso no rosto de todos, haviam vencido um ano difícil, mas iriam sorver com muito mais gosto esse novo Natal.