LIRISMO DA BOA MOÇA
Tatiana Alves
 
 

Não tangerei uma harpa
E seus toques proibidos
A mulher do não-me-toques
Tem desejos reprimidos

Não tocarei uma tuba
Hedionda e assustadora
Invocando imagens selvagens
De uma mulher predadora

A cultura mata a bruxa
Mulher fatal é uma praga
Na inquisição literária
Só há lugar para a fada

Não posso usar a vassoura
Pois me lançam à fogueira
Meu lamento arde em chamas
Minha queixa é verdadeira

Tocarei, então, apito
Em sinal de bom protesto
Nele ecoa o meu grito:
Sou poetisa; não presto