NOTÍCIAS E NÃ0-NOTÍCIAS
Ubirajara Varela
 
 
De notícias e não-notícias é que se faz a reportagem. Esta é a frase que marcou a minha passagem pela faculdade de jornalismo. E talvez por isso, mais exatamente pela segunda parte da frase - as não-notícias, é que me tornei um jornalista frustrado. As inverdades, os denuncismos, os pecados capitais da imprensa são o lugar comum. O certo é ser errado. Ao longo de toda minha jornada fui me indignando com o grande poder da mídia em desinformar-nos. Agora ainda mais, com o advento das novas tecnologias, principalmente com as possibilidades e potencialidades da internet.

É claro que nem tudo são revezes. Há pessoas, há profissionais, existem veículos que se prezam pela utópica missão de informar e prestar um serviço à sociedade. Até as emissoras mais globais já prestaram bons serviços. Eu não sou obtuso para negá-lo. Mas entendo que são casos isolados, que não tem a devida repercussão na opinião pública. E a opinião pública é como um boi no pasto, no meio da boiada.

Eu fico pensando: se as pessoas soubessem o que acontece nos bastidores da notícia, as maracutaias, as mentiras transformadas em verdades, plantadas, maquiadas, falsificadas, a indignação teria um porquê e se concretizaria em mudanças: as mudanças que tanto esperamos ver nos corações e mentes. Mas confesso que para mim a esperança é a primeira que morreu. Como diria o poeta: vida de gado, povo marcado.