- Qual é a sua profissão?

_ Sou dona de casa messs, uai, faço pão de queijo p’ras crianças, doce de leite...

_ O que faz seu marido?

_ Ah, seu deputado, em casa, praticamente nada, não me ajuda, não pendura a toalha no gancho, molha a tampa da privada, não faz um café, é uma lerdeza.

_ Estou falando da profissão dele.

_ Não sei direito. É empresário, né benhê, é isso, acertei? Ahn...? Ah, publicitário também, de renome. O senhor me desculpe, não dou conta dessas coisas, uai, sou dona de casa.

_ A senhora poderia citar alguma peça publicitária dele que tenha sido sucesso nacional?

_ Não estou bem lembrada, foi alguma coisa p’ro Zé Dirceu, não foi benhê?

_ Senhora, limite-se a responder aos questionamentos, não peça ajuda a seu marido.

_ Mas eu não sei responder sem que ele me dê uma dica, aliás, ele sempre me dá dicas, papéis para assinar, milhões de dólares, essas coisas, ele é um amor p’ra mim, um mão-aberta que só, distribuir dinheiro é o que ele mais gosta, ele é muito bão, uai.

_ Vamos falar dos escândalos.

_ Sou mineira, deputado, não gosto de escândalos. Em Minasss, o senhor sabe, a gente come quieto, não estou gostando dessa conversa, vê se tem base essa audácia agora. Aí, benhê, dá um jeito nesse cara, eu vim aqui na maior boa vontade e ele está querendo escrachar comigo, bate nele benhê, dá uns milhões p’ra ele e vamos acabar logo com isso que eu tenho o almoço p’ra fazer, sô!

_ Controle-se, a senhora não está na sua casa.

_ Ah, não? O senhor é que pensa, heheheh... Conta p’ra ele, benhê, conta...