EROSTICA OU O INCESTO LESBIANO OU O AMOR
Oicram Somar
 
 

Rosa Maria Farah
"Qualquer coisa experimentada fora do corpo, num sonho por exemplo, não é experimentada, a menos que a "incorporemos", porque o corpo significa o aqui e agora"

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O ácido mítico na boca queimando
Tua face na cara da gente querendo viver
Meus olhos nos seus teimando em morrer
E agora você na minha boca espumando

Meu corpo maldito de novo me engana
Você tá cada vez mais louca e insana
Eu morro pra vida em busca de ti
Encontro o mundo pra mim masturbando

No meio de suas pernas sou uma louca mendiga
De minha razão e de meus sentimentos mais nobres
Escorre um mel de sua abertura que jorra
Descortinando-me o presente que jamais sem ti

E no ardor de teu corpo queimando minh’alma
Tortura e moral na sociedade do mal é tudo que vi
Destruo num lance qualquer relance de opressão
E saco minha mão de encontro a tua vagina num símbolo duvidoso da paz universal

E os argonautas do Pacífico Ocidental ainda amam em liberdade
Favor não trucidá-los minha cultura hipócrita
São meus antepassados e me legaram a vontade sem fim de foder
Foder você, teu pai e a mamãezinha

Tuas pernas abraçam o meu corpo que treme
Me sinto segura no teu mundo obscuro
Te mordo os lábios, teu pescoço, teus peitos
E você estremece quando o último véu cai

E a gente arrebenta o último entrave diante do outro
E é tudo tão frágil, tão forte e tão louco
Que naquele momento revela-se a identidade
Real-idade uma aos 50 a outra na puberdade