Com
que direito ronda como um fantasma o casarão do meu corpo abandonado?
Acendendo desejos já muitos esquecidos, sem medo ou pudor em
tocar-me?
Parece não perceber o frio presente desde as entranhas em meu
ser.
Talvez nem perceba, tamanho o teu calor.
Sequer sonha o mal (ou bem?) que me faz, tornando-me viva novamente.
Eu, tão acostumada com a solidão, com a cama fria, com
o silêncio da noite.
Ainda assim te pedi - não. Então porque teimou no sim!?
Porque me deixou viajar na paixão mortal que são os teus
olhos brilhantes.
Sabendo que não haveria amanhã. Que nada restaria dessa
paixão fulminante.
A não ser o martírio diário de te ver, sem poder
te tocar, sem poder te beijar.
Deixando tudo preso no passado de um dia, na verdade dos poucos minutos.
Um beijo, outro e outro... E ao abrir os olhos, o amargo retorno à
realidade,
Vendo você se afastando e sabendo que nunca mais retornaria.
Agora, nada mais me resta a não ser viver da lembrança,
onde você
como um cometa errante, ousou iluminar a solidão da minha vida.
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