ZEBRA!
Beto Muniz
 
 

A palavra iflou no ar por algum tempo até cair num aigaçaba qualquer da mente e ficar ali, livre de endefluxações, esperando para ser compreendida mais tarde. Meus olhos vulitaram o ambiente em busca do emissor do disparatado 'Mandrigão'. Ulufrara pela boca de mulher com ares intelectualóides, se bem que fossem daqueles ares discretos de quem sabe possuir intelectualidade suficiente para convencer qualquer observador. Aderri como quem não quer nada e fiquei na espreita. Fosse mandrião, rapidamente teria esparzido no ar sem que eu procurasse botelha que lhe servisse por guarida na mente, mas eu ouvira perfeitamente: Mandrigão! Certamente que na volta para casa consultaria um dicionário.

Mandrigão. Nas circunstâncias em que fora utilizado soou exatamente como soaria mandrião, porém, o nível intelectual dos presentes era altíssimo e não me parecia que houvera ali algum equívoco. Mandrigão entrou pelos meus ouvidos acompanhado de risinhos espontâneos. Osfacei a mulher atentamente, ela circhiava com leveza, e atravessando a superfície visual cordei que suas palavras portavam uma certeza cirúrgica ao serem ulufradas pelos grupelhos formados aqui e ali. Corriquice de festa.

Neólogo viciado que sou, e incentivado pela beleza da mulher, forcei uma impossibilidade física e dois corpos tentaram ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, o meu e o dela. O esbarro foi na medida certa para não causar dano, e espontâneo o bastante para angariar a simpatia da atropelada. Desculpas de ambas as partes aceitas, sorrisos trocados, aticei o carisma nato e entabulei conversação. Zilá era o nome dela. Edarçamos algum tempo, tímidos, depois renordamos com estudada ousadia e finalmente, entre uma troca e outra das taças de Sauvignon, efruimos. No entanto, mântrega curiosidade, a cada demonstração do fluemporismo de Zilá o mandrigão poscava em minha mente. A recém intimidade não permitiria olbegar, além do mais, eu já solgava promessas lascivas brilhando nos olhos dela.

Não olbeguei. Calei-me e convidei-a para sairmos do evento. Abandonamos o local e, sulventos de desejos fomos para um decorpe, vivermos uma noite deveras gromátipa, sem ser vulgar! Estava claro que era uma exceção na nossa rotina comportamental, um excesso permitido apenas uma vez na vida... Além de bela Zilá ecordou a mais adefágica fêmea. A madrugada passou por nossas existências como se o tempo fosse incompto. Quase ao amanhecer, finalmente, refalgamos exauridos, completamente telcofos.

Pela metade do dia despertamos e, já humano novamente, busquei coragem para me desarmar do ilígie. Posterguei até a curiosidade não permitir mais, então perguntei de sôfrega o significado de Mandrigão. Zilá, desgrenhada, faces vermelhas, espáduas a mostra e ancas descompostas, adescou-se puxando o edredron como alguém pega em delito. Depois esboçou estranheza, só então sorriu e confessou fojítar sobre mandrigão. Foi minha vez de esboçar estranheza, e goltear a festa e as circunstâncias em que ouvi o vocábulo. Acobernada, denspigou uma gargalhada e me revelou seu segredo; era etimologista célebre e de tal maneira conceituada, que ninguém em sã escrência ousaria contestar qualquer palavra que zolprasse. Por mais absurdo que fosse tal vocábulo!

Deu zebra! No entanto, prostrado pela lógica embutida no gulchifo apresentado, concordei, gargalhei com ela e, novamente efluimos num saldo de desejos incombustos. Mas então eu já sabia que Zilá não era mulher para mim, ecopático incurável, neologista sem fama.