ZÉ GALINHA
Andrea Natali
 
 

Nas primeiras linhas traçadas na escola, as professoras sempre nos pedem "escrevam uma redação sobre o seu animal de estimação". Falar de animais me traz uma sensação muito boa, porque adoro meus bichos e minha casa já foi quase um zoológico.

Além de gato e cachorro, que sempre tive, já passaram pelo meu lar peixinhos, canários, periquitos, pintinhos - um deles virou até galo! Fora os gatinhos e cachorrinhos que nasceram das crias de gatas e cadelas.

Você já pensou em ter um galo na sua casa? Eu tive! Mas não moro em sítio! Aconteceu assim...

Eu e minha irmã éramos pequenas e meus pais nos levaram a uma dessas feiras de animais para ver todos os bichinhos raros que são expostos. Nesses eventos, os visitantes são presenteados com pintinhos. Coitadinhos dos bichinhos! Muitas pessoas não sabem nem como cuidar dessas criaturinhas e por isso morrem muito rápido, e mesmo porque eles saem totalmente do habitat natural e dificilmente sobrevivem.

Saímos de lá do Parque da Água Branca com dois ou três pintinhos, não me recordam bem. Chegamos em casa, meu pai colocou um abajur perto deles, para que se mantivessem aquecidos, pois eles precisam de calor para sobreviver. Os dias se passaram e dois deles morreram. O outro sobreviveu.

De pintinho, ele virou franguinho.

Juro que pensei que ele morreria nessa fase. Houve um dia em que o franguinho tinha sumido. Procuramos em todos os lugares e nada. Não sei como, ele foi parar dentro da privada do banheiro de empregada. Provavelmente, ele deve ter subido na privada, escorregou e ficou boiando na água, e, com a movimentação, a tampa da privada fechou com o franguinho lá dentro. E ele não morreu! Bicho resistente!

Bom, depois de tanto tempo vivo, a estas alturas um galo, ele precisava de um nome. Como é difícil dar nome a um galo. Mas encontramos: Zé Galinha.

Depois dessa aventura na privada, o Zé Galinha ganhou até um espaço de terra só pra ele. O mais legal é ele cantava cada vez que acendíamos a luz do quartinho do quintal. Podia ser oito ou onze da noite e até três da manhã, que o galo cantava!

Mas eu morria de medo dele. Medo que ele me bicasse. Se ele fugisse do cercadinho, eu me trancava em casa e não saia de lá até meu pai chegar e pegar o bicho. Galo correndo é engraçado, mas aquele bico me dava arrepios.

O Zé Galinha era divertido. Ele foi embora quando reformamos a casa. Um dos pedreiros morava num lugar com quintal grande e já tinha outras galinhas. Durante um tempo senti falta do Zé Galinha cantar em qualquer hora do dia ou da noite, mas depois me acostumei. Hoje, quem encanta minha vida, sem cantar, são o Apolo e a Jonnhy, respectivamente, meu cachorro e minha gata. Eles não cantam como o Zé, mas adoram um barulho também.