CRÔNICA NÚMERO 26
Osvaldo Pastorelli
 
 

Se esvai não muito lento, na luz diurna da tarde, amorfa e cálida, cedendo à luz noturna, sombria e plácida, a vida por todos adorada.

Rebeldes e insanos leões com sua ferocidade passam rugindo a mesquinha fragilidade.

Inúteis e mal sucedidos na imensidão de suas vidas, seres desumanos ostentam torpe felicidades.

Concretizam-se gestos na fibra gasta da tristeza ao se ouvir a música mal tocada.

Volteiam sentimentos nos corações machucados desviando-se da vida que quase sempre diz não.

Não se nega o choro em cetim delgado ao sentir o calor do corpo alheio ainda presente no lençol amarrotado.

O eco silencioso dos sons vibra os fios da cortina que se afasta ao sabor do vento dourado de estrelas.

E presente se faz no oco do sentir tua ausência a reviver a grande vida que tive ao teu lado.

O vento sopra lembranças enquanto me cubro com os sons da tua voz que não poderei escutar mais.

Mas agora... não adianta escrever um bilhete, agora é tarde...

(Crônica inspirada no poema "Sou tristeza" e "Estou tremendo" , da poeta Ruthinha, postado na lista na segunda-feira, 04 de outubro de 1999, às 22:28)