PARA
QUEM ESCREVO ESTE...
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Mairy
Sarmanho
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Para quem escrevo este bilhete? Quem quer ler o que tenho para dizer? Qual amigo ainda estará aguardando notícias minhas? Faz tanto tempo que não os procuro. Temo ter esse bilhete amassado, rasgado ou esquecido na caixa de correspondência. Para quem escrever? Posso escrever para Ana, que anda por aí desvendando os mistérios do mundo, tentando alcançar a lua ou, simplesmente, namorando o sol... Ana de cabelos dourados, pele branca como a neve (Ana de Neve?) e olhos da cor do mar... Ah, mas se escrever para Ana, certamente não lerá. Não existe tempo em sua agenda cheia para essa amiga distante. Deixe Ana viver o mundo, sussurra a razão em meu ouvido... Quem sabe escrevo para Vera, com suas intricadas artimanhas, tentando enrolar meio mundo. Mal sabe o quanto a conheço e gosto. Vera se parece com a realidade, fúgida mas correta em suas resbaladas. Melhor, não. Deixo Vera com suas histórias porque minha história não a interessa. Posso tentar escrever para Rodrigo, o capitão do delírio ou um delíro de capitão. Rodrigo que se fez semente, fecundando o planeta com suas geniais idéias e milagres particulares. Onde andará o capitão? Meu bilhete não o alcançará, com certeza. Já deve ter cruzado o sistema solar com seu cavalo de sonhos... Meu capitão da esperança. Melhor deixa-lo lutar. Então escrevo para Cláudia, minha amiguinha de sempre com seus segredos minúsculos e sua alma maiúscula. Ela, com certeza, irá ler meu bilhete e, orgulhosa, mostrar para todos que ainda existo e sou capaz de inventar uma vida enquanto escrevo... Ainda bem que no mundo existem Cláudias como amigas! |
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