TRAJE
ALQUÍMICO
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Oicram
Somar
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Porque toda vez que te quero em minha casa escura e fria, úmida e triste, algo dentro dela se faz re-brilhar tão delicado e sutil como uma chama frágil que despétala ao sabor da brisa e ao sabor de nossas línguas geniosas do veneno que nos re-embriaga e das especialidades da minha única casa fria e úmida que se re-faz triste quando eventualmente eu me lembro de ti e passo a te amar. E é lá no recôndito no escaninho no ninho todo encolhido entre as paredes que o pranto das ondas sob as pedras re-encontram o infinito do mar que abraça a terra sem por ela ser abraçado que as montanhas lá do alto contemplam aquele olhar nebuloso do amanhecer entre as nuances de sol e mar da matina no entardecer de lua e céu azul de noite de estrelas que estão sempre ali só obscurecidas pela luz do sol luz de seu olhar que me cega para todas as luzes que re-insistem em me luzir como se nada mais soubesse dentro de mim que seu único olhar forte e viril de fêmea arrebatadora se re-apoderasse de todos os cômodos dentro de minha casa fria e úmida e até triste neste sol ameno de Julho por entre as montanhas encobertas pelas árvores ali de frente ao mar. E eu sem mais saber sem saber de mais ou de menos me encolho nos cantos e passo a ter uma névoa visão destas que sempre tive entre o sono e a vigília o caos e o cosmos a vida e a morte o sonho e a realidade já rindo de meu riso distante e sarcástico meio hipócrita e alucinado um riso que é um risco das lágrimas da verdade apesar dos adjetivos salinos do sujeito que contempla e do objeto egóico que são nomes e re-antecedem as formas de figuras nem um pouco geométricas pois que minha geometria difere das especulações do passado e das músicas das esferas que filósofos-musicais afinam em seus instrumentos metafóricos de cordas e teclados, timbales e símbolos, sopros e vozes desde os primórdios quando Ele que tudo abarca se encontrou sozinho em meio à música que O antecede neste caminho etéreo que eu fiz para eu mesmo afora a minha casa o meu canto o meu triste e úmido re-canto. E como ondas vão chegar de qualquer parte em qualquer lugar sem avisar o meio no fim dos extremos do começo que se encontra na partida que é na chegada de toda re-existência corroendo o tempo se re-fazendo espaço e se espalhando por colos e regaços córregos e veredas das esquinas urbanas dos corredores de um beco sem saída cuja entrada é um mundo e é preciso re-destruir para re-construir sofrer para amar chorar para aprender a sorrir isolar-se para poder se unir e é muita solidão naquele canto entre as paredes de minha casa úmida fria e triste por entre as paredes dos vizinhos que nos sufocam. E eu lembro do labirinto dos mistérios e da falácia só não lembro do segredo da senha do código da re-interpretação do profeta com sua mão divina do Oráculo com suas pitonisas das hetarias com sua arte mística das meninas com suas pernas lindas alinhavando mensagens com seus passos tímidos nas areias das praias tão vastas, tão vastas, como é vasto o meu mundo naquele canto entre as paredes de cômodos desnudos da minha casa triste fria e úmida por trás dos muros de tanta gente e das asas rebeldes que diferem de tudo que o mundo um dia sentiu. E meus traços são os sulcos que explicitam o meu traje é toda a minha mística de um que esmola um pouco de palavras de letras viva de quem sonha em tudo literalizar é o meu querer cheio de desejos inconclusos esquizofrênicos que luta em seu silêncio contra o poder das imagens que flutuam ao sabor das correntezas sempre sanguíneas que transbordam de minha pele e banham o chão que se re-volta e me apodrece agora bem nutrida esta terra ingrata que sagrada sobre-vive com este veneno lúdico e caótico fértil que re-nasce o verme a arma pacífica por isso mesmo mortífera que um dia há de me re-consumir mesmo que a morte seja apenas uma medida daquilo que chamamos vida ou o projétil certeiro de uma fórmula infame que jamais será re-inventada. Por que toda vez que te visto, totalidade, a gente sai re-partida? Por que toda vez que te abarco volto dividida? Por que toda vez que te penetro me sinto assim querendo partir? |