CARINHOSO
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Luís
Valise
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Era a primeira vez que eu enfiava a mão debaixo da saia de uma garota. Fiz bem devagarzinho, sentindo a penugem das coxas nas pontas dos dedos. Ela tinha as coxas grossas, e durinhas. Enchi a mão com a carne firme, apertei um pouquinho, enquanto beijava de leve o pescoço da mina. Alisei a coxa pra cima e pra baixo, coisa boa, cheguei até ao elástico da calcinha, daí baixei a mão, não tem pressa, devagar, é a primeira vez. Faz tempo que eu sonho com isso. Ela mora duas ruas depois da minha casa, e passa toda noite quando volta da escola. Meus camaradas ficam falando "Que tesãosinho", "Gostosinha", "Bundinha maravilha", e outras coisas piores. Eu não digo nada. Fico com ciúme, mas seguro a onda, senão entro no cacete. Como é que eu vou enfrentar os caras? Tem uns que já roubam na cidade, fazem saidinha de Banco, cavalo doido, roubam celular de garotas que marcam touca, queimam fumo... Eu é que não posso com todos, por isso ouço de bico calado. Mas que me ferve o sangue, me ferve. "Te chupo todinha". Isso lá é coisa que se diga pra uma garota que estuda à noite? Fiz bem em não abrir meu bico todo esse tempo. Agora quem está com ela sou eu. Tento por a mão entre suas pernas. Preciso forçar um pouco. Sem pressa, calma, a noite é só nossa. Consigo, e vou subindo a mão aos poucos. A parte de dentro das coxas é mais macia. Que delícia! Vai ficando mais apertado, mas os dedos aos poucos conseguem subir mais e mais. A calcinha! Passo o dedo sobre a calcinha, sinto aquele corte que já vi em fotografias. Mais em cima, o estofadinho dos pelos. Passo a língua no seu pescoço, chego até a orelha, mordo de levinho. Outro dia ela vinha vindo, já quase meia-noite, uma puta escuridão, viu a gente parado perto da esquina, atravessou a rua. O Boi falou "Nojentinha, atravessa a rua pra evitar a gente. Quem ela pensa que é? Agora é que eu vou comer ela mesmo, nem que seja na marra". O Boi tem esse apelido porque gosta de dar cabeçadas. Quando discute com alguém não perde tempo, dá logo uma cabeçada no meio da cara do outro. Ninguém fica em pé depois de levar uma cabeçada dele. O Chacrinha achou um exagero, e encarou o Boi "Assim não, na mão grande não, se comer tem que ser no sapatinho, no consentimento. Ninguém aqui vai estrupá mina do bairro". Ele falou, e o Boi não disse nada, porque o Chacrinha tava com a mão debaixo da camisa, e todos sabiam que ali tinha coisa. Mas o Boi ficou invocado. Mais dia, menos dia, algo teria que acontecer. Meu braço esquerdo está sobre seus ombros. Tiro a mão de suas pernas, e venho subindo devagar até seus peitos. Dou um apertãozinho, levo a mão até seu ombro, abaixo a alça do vestido, puxo o decote pra baixo, ele aparece, bem branquinho, a roseta castanha, o biquinho tímido. Minha cabeça vem beijando do pescoço, passa pelo colo, chega nos peitos. Passo a língua no reguinho entre os peitos. Vou beijando a carne rija até chegar no bico, e aí eu mamo gostoso, encho a boca, passo a língua, deixo o bico molhadinho de saliva, mordo de leve. Abaixo a alça do outro lado, desço toda a frente do vestido. Esfrego minha cara entre aqueles seios, beijo os dois, um bico, o outro bico, e o outro de novo. Pego a mão dela e ponho no meu colo, pra ela sentir como está duro. Esfrego sua mão sobre minha calça. Aline, é o nome dela. Umas duas semanas depois da treta entre os dois, o Boi pegou o Chacrinha na escama. Eu vi da janela da minha casa. Os dois desceram a rua conversando, chegou na esquina se despediram, e cada um foi para um lado. Só que o Boi fez que foi, mas não foi, e voltou de repente com um cano de ferro na mão. Deu uma porrada de pancadas na cabeça do Chacrinha, pelas costas. Ficou de pé ao lado do corpo alguns instantes. Olhou pros lados, procurando alguém. Não tinha ninguém àquela hora da madrugada na rua. Só eu olhando pela janela entreaberta, no quarto escuro. O Boi atravessou a rua e sumiu na escuridão. Eu saí de casa como estava, de calção, descalço, e fui até o Chacrinha. A cabeça dele tava toda amassada. Mortinho. Não sei o que me deu, enfiei a mão debaixo da barriga do cara e procurei a arma que sempre estava lá. E estava mesmo. Peguei o revólver e corri de volta pra casa. Lógico que não dormi mais a noite inteira. Escondi o berro no guarda-roupa, embaixo das minhas bermudas limpas. Fingi que dormia, até minha mãe me chamar, com a bronca de todos os dias "Levanta, vagabundo, vai ver teu amigo morto na esquina. Eu te aviso pra não andar com malandro. Te cuida, traste, te cuida!" Fiz cara de espanto, saí de bermuda, camiseta e havaiana. Tinha um monte de gente na esquina. O Boi tava lá. Foi nele que eu cheguei "Fala, Boi, quê que aconteceu?" E ele, no maior cinismo "Parece que alguém acertou o Chacra, puta sacanagem. Quebraram a cabeça dele todinha." Fui abrindo caminho na roda, e quando vi o corpo na luz do dia foi pior ainda, porque tinha miolo saindo do machucado. No enterro o Boi foi de óculos escuros, fingido que só ele. Um sábado à noite eu não tinha pra onde ir, porque não tinha dinheiro. Não adiantou implorar, minha mãe não me deu um puto, e ainda me deu mais esporro "Não lavo roupa o dia inteiro pra pagar farra de vagabundo. Casa e comida eu dou, porque te pus no mundo, mas farra não!" E eu tava em casa neste sábado de calor, tantos bailes, tantos bares, e eu ali, vendo o Altas Horas e o cuzão do Serginho Groisman. Sei lá por que, acho que me bateu uma coisa, eu levantei e olhei pela janela, a rua vazia, foi quando eu vi ela vindo sozinha. Pelo andar saquei que tava de salto alto. Vai ver tinha ido em algum baile, ou aniversário. Corri vestir uma bermuda limpa, um tênis sem meia, uma camiseta sem furos. Lavei o rosto, passei um pouco de pasta de dente nos dentes com o dedo mesmo, e saí pra rua. Ela já tinha passado, e estava quase na esquina. Fui andando atrás, devagar. Ela dobrou a esquina. Quando eu ia chegando, ouvi a voz do Boi falando "Fica quietinha, não vou fazer nada, se você gritar é pior." Voltei correndo pra casa, o tênis não fazia barulho na terra, entrei, abri o guarda-roupa, achei o revólver do Chacra embaixo das roupas. Quando cheguei na esquina, eles não estavam mais lá. Fiquei de orelha em pé tentando ouvir alguma coisa. Ouvi uns gemidos abafados. Tinha um caminhão parado mais pra frente. Fui chegando perto, ouvi a voz do Boi sussurrando alto "Cala a boca! Cala a boca!" Olhei a cabine, era alta, não dava pra ver nada. Mas nem precisava. Lembrei do Chacrinha "Ninguém vai estrupá mina do bairro." Subi no estribo do caminhão, meti a mão na maçaneta da porta, abri, vi ela e o Boi. Ele estava atrás do volante, e ela do lado do passageiro. Ele tinha abaixado as calças e segurava a nuca dela com força. Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa eu já estava lá dentro. Sentei do lado dela, e fechei a porta. O Boi falou "Quê que você quer aqui, moleque? Se manda!" Mas eu já estava com a mão debaixo da camiseta, e tirei o revólver. Não pensei muito, porque se pensasse acho que não teria coragem, então fui logo dando um tiro na direção dele. Acho que dei dois. Dentro da cabine foi um barulhão, mas lá fora ninguém escutou nada, porque olhei pra fora e não vi movimento. O tiro pegou na cabeça do Boi, espalhou bastante sangue no vidro e no teto "Esse não dá mais cabeçada em ninguém, pensei." A Aline tava olhando pra mim, querendo dizer alguma coisa, eu vi que o batom de sua boca estava todo borrado, os olhos com lágrimas pretas escorridas, acho que o Boi já tinha dado uns beijos nela, filho da puta! Mas ela não falou nada, só me olhou, e depois sua cabeça caiu sobre o peito. Vi a mancha de sangue no seu vestido, na altura da barriga. Na hora não entendi "Que porra é essa?" Mas logo fui compreendendo que eu tinha acertado nela também. Então, não sei porquê, abracei ela, assim, com o braço esquerdo. Seu corpo ainda estava quente, e acho que isso é pecado, mas foi me dando tesão, aquele corpo quente. Por isso é que comecei a passar a mão nas pernas dela, e agora estou beijando seus peitinhos. Enquanto o corpo está quente. A mão dela não consegue segurar meu pau, eu tenho que fazer tudo. Meto de novo a mão debaixo do seu vestido, agarro a calcinha pelo lado, puxo pra baixo, depois do outro lado, e assim sucessivamente, até tirar completamente. Levanto o vestido e vejo seus pelos. A cabine do caminhão é espaçosa. Deito ela meio de lado, sua cabeça fica no colo do Boi. Penso "Você não queria? Então aproveita agora, seu puto!" O Chacrinha falou que ninguém vai estrupá mina do bairro, e eu concordo. Vou comer com todo carinho. |