Nas andanças pelo velho continente, observando o ângulo pelo qual a mulher brasileira é observada, percebi logo como se vestem mal minhas sagradas ninfas. Mas é óbvio! Se toda festa brasileira pelo mundo afora apresenta mulatas semi-nuas, rebolando pornograficamente, qualquer homem terá o desejo de fazer turismo sexual no Brasil, principalmente no nordeste.

Mas, se outra brasileira for desfilar no "São Paulo Fashion Week" com calça "sans-tropé" rasgada e marcas de graxa nas pontas, camisa "t-shirt voyer" cavada, lantejolas coloridas esparsas sobre o ombro, óculos mosca, vai representar a união perfeita entre a goiaba e o queijo no território bossa-novista.

O "liuxo" tropical é a beleza física entremeada de hipocrisia confuso-mental da classe média e alta latina pseudo-europeizada . "A modelo deve pesar no máximo cinquenta quilos, não importando a altura", ressalta o estilista.

A mulher brasileira precisa andar com elegância, esfomeada; precisa fomentar suas esperanças, mesmo sabendo das impossibilidades de viver intelectualmente melhor. Cultue o corpo, e somente o corpo lhe dará a salvação, ó musa dourada!

Mas o maior receio das rodas futebolísticas, desde os "Novos Baianos" é o desenvolvimento de uma mulher europeizada, que discuta filosofia, sociologia e economia, uma não-brasileira.

Os varões não querem meretrizes que mostram suas partes mais ricas a quem quiser apalpá-las e apossá-las, e que saibam discutir filosofia e sociologia. "Não quero "puta" do século XVII", diz o diretor da multinacional.

Salve a Mangueira e a mulata nua com bananas na cabeça, rainha da volúpia tropical dos desabonados, ignorantes e felizes.

Eis, então, o traje completo que uma digna "brazilian girl" deveria usar: nada. Assim, seu corpo inteiro, embebido de sensualidade, seria o lugar mais comum dos adolescentes hormonais, dos depravados psicopatas... E a nudez angelical de minhas musas transformariam-se no local intocado, como uma nova Mata Atlântica medieval, apenas para ser observado. Essa é a proposta.