VIDA
ENCANTADA
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Andrea
J. Santos
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Amanheceu... As flores ainda despertavam-se do sono, as borboletas silenciosas voavam lentamente, com uma leveza invejável e majestosa. O vento a encenar em gestos, dançando no âmago da poesia, desfrutando da beleza das flores, do perfume embriagante da manhã. Na melodia um achego, na cortesia uma valsa diante o espelho da vida sonhada, enfatizada de encantos e fantasias, em traje completo. Tons em realce, elevada crença de amores, a vida é um espetáculo, uma lenda, uma história escrita em fases, cheia de enredos, composta de partes e capítulos diferentes. Enquanto a manhã ainda acorda, caminho devagar na varanda, uma sensação melancólica, ao mesmo tempo que ensandecida, altiva e misteriosa... Os meus olhos ativos pasmava as eloqüentes virtudes da natureza, em si tão bela e majestosa, cheia de encantos e segredos jamais desvendados e explicados. Eu não compreendia por que tal melancolia me sufocava. A minha alma parecia enfeitiçada pelo deslumbramento visto, sentido, tocado por ela, porém o meu corpo e o meu coração pendia-se a um vazio intenso, inexplicável, essa confusão latente, não sei se me dividia entre o natural e o sobrenatural; a alma e o corpo, o espirito e o ego. Resolvi procurar a causa para tal divisão, verifiquei no livro existente na memória, gravado no subconsciente, onde estaria a causa para tal vazio, para um sentimento tão sombrio e acusador, por mais que eu soubesse o que era. Nós temos dessas coisas, tentamos fugir dos erros, tentamos esconder o que sentimos, mas chega um momento em que a consciência não nos deixa mais em paz. Abri as portas para que o orgulhoso saísse e bati com força para que ele não retornasse, se quero estar em paz, preciso pagar um preço, o preço da humildade, o preço do amor... Voltei para o quarto, ele ainda dormia com um ar angelical, parecia sonhar com os anjos, observei-o e percebi o quanto o amava e não importava o tamanho do erro, mesmo que parecesse tão insignificante, mas isso em me parecia gigante. Me mantive em silencio, até que me olhou confuso a observa-lo, perguntou-me baixinho se havia ocorrido alguma coisa, parecia que ele nem mais se lembrava das palavras anteriores, mas o lembrei e desculpei-me como se fosse a pior das coisas, talvez não fosse, mas para o meu coração era. Me lancei na fantasia, senti o que a minha alma sentia, estava em paz, encantada com o dia e a manhã que trouxe-me a mesma sensação de alegria, a qual algo me prendia a não tê-la totalmente. Me vi em apenas um mundo, a divisão se uniu a uma só parte, uma verdadeira vida encantada, vestida no traje completo da realização. Sorrindo me olhou nos olhos e falou já haver esquecido, se havia esquecido eu não sei, só sei que a nossa manhã começaria mais cedo se nada eu houvesse dito, pois a nossa cama só ficou vazia no meio do dia. Aprendi a cada conversa, a cada desentendimento que sempre havia um jeito para que tudo acabasse bem. |