TOCAIA
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William
Stutz
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Ansiedade assumida, suor a escorrer pela testa. Arapuca armada - quirela amarelinha como a encantar e colorir a festa. Por de trás da moita nas mãos a linha grossa, já suja e remendada - o gatilho da espreita, da tocaia. Horas a fio vendo a bela trucal a pastar perto, rodeia/arrulha mineira, desconfiada. Um sem ciscar de busca pelo milho na sombra, vem devagar, observa. Aos poucos perde o medo, a mão do barbante se retesa, joelho raspa a terra molhada, está quase de pé. Só mais um pouco, paciência. O suor agora embaralha a vista, em cachoeira passa pela sobrancelha e corre solto por sobre os olhos. Coração bate na garganta, é hora. Arapuca-algoz pronta, quase treme, cordão teso. Pomba passa rente, esbarra na taboca que estala, um súbito parar, bico para o alto olhos aflitos como a procurar. Um leve bater de asas sem voar, procura, pressente. Moleque fica pálido sente arrepio e dor de posição. Já não agüenta segurar a própria mão, geme, arfa baixinho. A correia da sandália de plástico parece querer cortar seu pé que já formiga adormecido. A trucal ainda parada olha de soslaio a quirela na sombra da arapuca. Determinada com seu jogar de cabeça avança, estica o pescoço para dentro, assunta. Futrica chega esbaforida e em espalhafatosa busca acha o dono, pula/late/lambe, irresponsável, é só o tempo de um olhar por sobre a planta para ver a trucal em assoviado vôo se ir barulhenta. Menino e cão rolam pelo chão, raiva passa rápida, aos risos brinca de outra coisa. Criança é assim por natureza - feliz. |